terça-feira, 8 de janeiro de 2013

APOIO A DOCENTES AJUDA ALUNOS POBRES A APRENDER.

Apoio a docentes ajuda alunos pobres a aprender


Análise de escolas públicas bem avaliadas mostra que engajamento das secretarias e acompanhamento individual são diferenciais

OCIMARA BALMANT - O Estado de S.Paulo
Apesar de a condição econômica e a escolaridade dos pais influenciarem no aprendizado - crianças de nível socioeconômico baixo tendem a ter menos estímulos em casa e menor acesso a materiais pedagógicos -, as escolas que atendem alunos mais pobres podem, sim, oferecer um ensino de excelência que seja assimilado por toda a turma.

O que sobrou da sala de aula - por: José de Souza Martins.

O que sobrou da sala de aula


Reflexão para um tempo de altas apostas na educação: a praga do economismo não distingue uma escola de uma fábrica de pregos


José de Souza Martins* - O Estado de S. Paulo
Já foi o tempo em que a educação fazia parte do cardápio de otimismos que se costuma apresentar nas passagens de ano. No último meio século, a educação pública e gratuita, que garantira a formação de grandes nomes e grandes competências nas várias profissões, que assegurara o grande salto da sociedade escravista à sociedade moderna, foi progressivamente diminuída e até injustamente satanizada em nome de interesses que não são os do bem comum. O estado de anomia em que se encontra a educação brasileira pede, sem dúvida, a reflexão crítica dos especialistas, mas uma crítica que a situe na trama própria de tendências problemáticas da modernidade sem rumo para que seja compreendida e superada.

A educação brasileira foi atacada por três pragas que subverteram a precedência do propriamente educativo na função da escola e do processo educacional: o economismo, o corporativismo e o populismo. O economismo na educação não distingue entre uma escola e uma fábrica de pregos. A pedagogia do economismo confunde aluno com produto e trata a educação e o educador na perspectiva da produtividade, da coisa sem vida, da linha de produção. Importam as quantidades da relação custo-benefício. Não importa se da escola não sai a pessoa propriamente formada, transformada. Importam os números, os índices, os cifrões. Presenciei os efeitos dessa mentalidade na apresentação de um grupo de militantes da causa das cotas raciais perante o conselho universitário de uma das três universidades públicas de São Paulo, de que sou membro. Aliás, nenhum deles propriamente negro: "Não queremos vagas em qualquer curso; queremos em engenharia e medicina, cursos que dão dinheiro", frisaram.
Quer o governo que os royalties do pré-sal sejam destinados à educação e nem temos certeza de que isso acontecerá. Os políticos têm outras prioridades, especialmente a das urnas. Já estamos gastando o dinheiro que ainda não saiu do fundo do mar. Mas não sabemos em que esse dinheiro fará o milagre de transformar, expandir e melhorar a educação brasileira e de elevar substancialmente o nível da formação cultural das novas gerações. Dinheiro não educa. Quem educa, ainda hoje, é o educador. É inútil ter máquinas, computadores, tecnologia, maravilhas eletrônicas na sala de aula se, por trás de tudo isso, não houver um educador. Se não houver aquele ser humano especializado que faz a ligação dinâmica entre as possibilidades biográficas do educando e os valores e requisitos de um projeto de nação, a nossa comunidade de destino. Se não houver, sobretudo, a interação viva entre quem educa e quem é educado, se não houver a recíproca construção de quem ensina e de quem aprende. Se não houver a poesia deste verso de Vinicius de Moraes: "E um fato novo se viu que a todos admirava: o que o operário dizia, outro operário escutava".
O corporativismo transformou o professor de educador em militante de causa própria porque a serviço da particularidade da classe social e não a serviço da universalidade do homem. Não há dúvida de que o salário que valorize devidamente o educador e a educação é uma das premissas da revolução educacional de que carecemos. Do povoado do sertão ao câmpus universitário da metrópole, o educador tem carências que não são as carências do Fome Zero. Educação não é farinha de mandioca. "Quem não lê, mal fala, mal ouve, mal vê", dizia Monteiro Lobato, em relação a um item da cesta básica do educador. Fome de educador não é fome de demagogo nem pode ser. Privá-lo dos meios para se educar, reeducar e poder educar é desnutri-lo.
A partidarização de todos os âmbitos da sociedade brasileira, até da religião, levou para dentro da educação os pressupostos da luta de classes. O militante destruiu o educador, drenou da educação a seiva vital que lhe é necessária para ser instrumento de socialização, de renovação e de criação social. A educação só o é na perspectiva dos valores da universalidade do homem, como instrumento de humanização e não como instrumento de segregação e de polarização ideológica, instrumento do que separa e não instrumento do que junta. Na escola, a ideologia desconstrói a escola em nome do que a escola não é.
O populismo, por sua vez, transformou a educação em meio de barganha política, instrumento de dominação, falsificação de direitos em nome de privilégios. O direito que nega a universalidade do homem nega-se como direito. Pela orientação populista, o importante não é que saiam da escola alunos bem formados, capazes de superações, gente a serviço do País. Nas limitações desse horizonte, o importante é que da escola saiam votos, obediências, o ser carneiril das sujeições, e não o cidadão das decisões.
A escola vem sendo derrotada todos os dias, do jardim da infância à universidade, pela educação difusa e extraescolar dos poderosos meios de produção e difusão do conhecimento que já não estão nas mãos do educador. A escola é cada vez mais resíduo de poderes e vontades que estão longe da sala de aula.
* JOSÉ DE SOUZA MARTINS É SOCIÓLOGO, PROFESSOR EMÉRITO DA USP, AUTOR DE A POLÍTICA DO BRASIL: LÚMPEN E MÍSTICO (CONTEXTO)
FONTE: O ESTADO DE SÃO PAULO.

ESCOLA EM TEMPO INTEGRAL

Novo modelo chega a 21 escolas do ensino fundamental


04 de janeiro de 2013 | 2h 05

 
O Estado de S.Paulo
Em vez de o modelo mais antigo influenciar o novo, na educação estadual ocorre o contrário. É o novo projeto, iniciado em 2012 no ensino médio, que orientou as mudanças na educação fundamental. A partir deste ano, 21 escolas do ciclo 2 (5.ª à 8.ª série) vão contar com a nova proposta. Outras duas oferecerão o ciclo 2 e o ensino médio.

Essas escolas passam a contar com jornada de 8h40. Uma mudança na escola é que os professores passam a ter regime de dedicação plena e integral. Na sala de aula haverá um currículo básico e disciplinas eletivas e orientação para estudos. No lugar das atuais oito oficinas, haverá somente duas: hora da leitura e experiências matemáticas. Nesse nível de ensino também haverá a elaboração do projeto de vida, "mas focado na continuidade do estudo e na educação para valores humanos", segundo informou a secretaria.
Para não ter um impacto negativo como houve em 2006, ao se impor o sistema integral a mais de 500 escolas, o Estado definiu que o modelo só seria adotado nas unidades com aprovação da comunidade escolar. A medida democrática dificultou os planos da secretaria de promover uma expansão mais significativa do modelo. Das 121 escolas onde o projeto foi oferecido, 68 delas (56%) recusaram.
A ideia do governo era, no ensino médio, ampliar para 100 escolas já em 2013 - o modelo foi iniciado em 2012 em 16 unidades. Com as recusas, o novo ensino integral vai chegar a 31 escolas dessa etapa. Dessa forma, fica ainda maior o desafio de alcançar 300 escolas até 2014, plano inicial da pasta.
A preocupação com o tempo integral faz parte, segundo o governo, dos esforços para colocar o sistema educacional de São Paulo entre os 25 melhores do mundo até 2030. Hoje, é o 53.º entre 65, considerando simulação que apresenta São Paulo como um país no Programa Internacional de Avaliação (Pisa).
No Ideb de 2011, a rede estadual ficou estagnada no ensino fundamental. O ciclo 1, de 1.ª à 4.ª série, teve nota 5,4 e o final, da 5.ª à 8.ª série, 4,3.
Já no ensino médio, em que o avanço é mais difícil em todo o País, o Estado de São Paulo teve aumento de 3,6 para 3,9. / P.S.

FONTE: O ESTADO DE SÃO PAULO.

quarta-feira, 2 de janeiro de 2013

CONCURSO PEBII 2013

Edital do concurso para professor PEB II deve ficar para 2013

O concurso para professores de educação básica II (PEB II) da Secretaria Estadual de Educação de São Paulo deverá ficar para 2013, após a aprovação de um projeto de lei que será encaminhado em breve pelo governador Geraldo Alckmin para a Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo (Alesp). A proposta visa excluir o curso de formação como etapa do concurso para aplicá-lo somente após a posse dos docentes. "Uma das razões é o fato de que muitos que faziam o curso com bolsa de estudo por quatro meses não tomavam posse. Era um
desperdício de recurso. Nós estamos invertendo. Só fará o curso quem já estiver na sala de aula", explicou o secretário adjunto da pasta, João Cardoso Palma Filho. O salário inicial varia de R$626,48 a R$2.088,27, dependendo da jornada de trabalho.

A proposta vai alterar a lei 1.094/2009, que está em vigor. Para que isso ocorra é preciso que o projeto seja aprovado pela Assembleia Legislativa. Isso exige um processo de tramitação que costuma superar os 45 dias. Esse é o prazo para projetos que tramitam em regime de urgência serem avaliados pelas comissões legislativas para ir à votação. Além disso, há o recesso parlamenentar que costuma ter início em meados de dezembro. Em meio à incerteza, o secretário adjunto de Educação afirma que após a sanção da lei pelo governador não haverá demora. "Aprovada essa lei, nós imediatamente podemos publicar o edital para a realização do concurso", disse Palma.

A conclusão do levantamento de vagas depende agora do número de candidatos que atenderão à nomeação da última chamada dos aprovados em 2010, que visa incorporar 10.800 pessoas que estão no curso de formação. Desde janeiro de 2011, ingressaram 23 mil aprovados daquele concurso. A nomeação acontecerá em dezembro, com posse em janeiro de 2013. Fontes do Departamento de Recursos Humanos do órgão estimam que o número de vagas será superior ao do último concurso, que contou com uma oferta de 10.083. Essa expectativa também já havia sido levantada pelo secretário adjunto em agosto, quando declarou que o número não seria diferente do concurso anterior.

A nova seleção será destinada ao preenchimento de vagas em todo o estado e em todas as disciplinas curriculares, o que inclui Arte, Biologia, Ciências Físicas e Biológicas, Educação Física, Filosofia, Física, Geografia, História, Inglês, Língua Portuguesa, Matemática, Química e Sociologia. O último concurso para PEB II, que aconteceu em 2010, reuniu 261.489 candidatos, que realizaram prova objetiva com 80 questões. O conteúdo abordou temas sobre Formação Básica e Específica do professor. A seleção também contou com avaliação de títulos e curso de formação, que foi considerado como etapa do concurso.

Tabela de salários

PEB II
40 horas R$2.088,27
30 horas R$1.566,20
24 horas R$1.252,96
12 horas R$626,48
FONTE: FOLHA DIRIGIDA