quinta-feira, 16 de outubro de 2014

Viver?

Qual o sentido de viver? Por que nós insistimos tanto nisto, se o final será o mesmo? A morte!!!
Eu, com meus pensamentos, que não sei se são meus realmente, mas estão em minha mente, fico divagando sobre a vida, por que estamos sempre fugindo da morte? Por que evitar o inevitável? Uma vez, quando adolescente, queria muito morrer, senti uma forte angústia em meu peito, chorei... sofri... lutei pela vida... mas hoje me pergunto, por quê? Por que lutei pela vida se todos vamos morrer? Fui contra a angústia, e ela se dissipou no meu peito.
Depois de adulta, há uns 5 ou 6 anos, eu não me recordo ao certo, cheguei em casa, após 12 horas de trabalho na escola, sentei no sofá da sala, fiquei assistindo tv, a angústia, aquela da adolescência, voltou, e voltou mais forte do que eu podia imaginar, ou suportar, tentei explicar o que sentia, mas é difícil, você houve "você é jovem, tem um bom emprego, que angústia o quê!! pára com isso, deixa de ser besta, vai assistir tv, que já já isso passa". Mas acontece que não passou...
E eu não sei explicar bem, mas veio à minha cabeça, que se eu "apagasse" de uma vez por todas, a angústia iria embora, fui até a cozinha e tomei todos os medicamentos que tínhamos em casa, lá foi amitril, sertralina, valeriana, dipirona, hidrocloritiazida, flanax, bezerol, dorflex, buscopan, ponstan, e mais um bocado que tinha lá.
Nós sempre tivemos muito remédios em casa, pois sempre tinha alguma crise, que uma pílula mágica parecia resolver.
Tomei muito, subi para o meu quarto e disse que iria dormir, não sei ao certo o que aconteceu, tenho apenas flashes de memória daqueles dias, lembro de ver o carro vermelho do meu irmão, lembro do banheiro do hospital, eu estava descalça, lembro da minha maca sendo jogada contra a parede, isto foi várias vezes, lembro de pessoas dizerem que eu tinha que comer, me lembro de uma enfermeira levantar a minha cabeça e fazer eu tomar uma espécie de vitamina, e depois meus familiares indo me visitar e eu ter alta... se passaram 3 dias, tive alta no 4º dia.
E esta foi a 1ª vez que eu ouvi a voz dentro da minha cabeça, me chamando de incompetente. EU OUÇO ISSO DIARIAMENTE.
Hoje não está muito diferente minha vida, a angústia se instalou, preciso de algumas coisas para aliviá-las, uma delas, por mais estranho que isto pareça, é um livro, este livro está na escola, e eu ainda não tive acesso a ele, mas preciso dele, não saio muito, prefiro ficar aqui dentro, e dentro de mim também, se não eles entram em mim.
Mas afinal por que que eu tenho que lutar contra esta angústia? Eu sou inteligente, bem formada, letrada, e segundo eles incompetente, então eu devo ir e dar espaço a outro.
Não sei o que fazer, não quero fazer nada, não quero sair daqui, ver ninguém, falar com ninguém, alias acho que uma boa bomba, recheada de pregos resolveria, acabaria com minha angústia.
Afinal, pra que viver? Se não sou uma boa pessoa, se não tenho amigos, é esqueci de mencionar isto, não tenho nenhum amigo ou amiga, ninguém, ninguém se preocupa, me ajuda, pergunta como estou, porque estou assim, porque faço o que faço? se poderia me ajudar, guiar, pra eu não errar, mas sozinha, com esta mente pensando coisas que nao sei se sou eu realmente que penso, vem as idéias, ideias que parecem muito boas, e não tem ninguém pra dizer que não são.
Não posso procurar um médico novamente, pois assim como minha mãe, poderei ser internada numa clínica psiquiatrica, e não posso isso, não quero isso.

Fim, do quê? do texto? das idéias? da angústia? ou de tudo?

FERNANDA ALVES DA SILVA

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