quarta-feira, 11 de julho de 2012

PROVA MÉRITO PORTUGUÊS


GOVERNO DO ESTADO DE SÃO PAULO


SECRETARIA DE ESTADO DA EDUCAÇÃO


PROCESSO DE PROMOÇÃO POR
MERECIMENTO DO QUADRO DE MAGISTÉRIO


PROFESSOR EDUCAÇÃO BÁSICA II E PROFESSOR II

DE LÍNGUA PORTUGUESA
PARA LER TODA A PROVA CLIQUE AQUI:


LEIA ATENTAMENTE AS INSTRUÇÕES ABAIXO.


01 –

Você recebeu do fiscal o seguinte material:


a)

este caderno, com o enunciado das 60 questões objetivas e da questão dissertativa, sem repetição ou falha;


as questões objetivas têm o mesmo valor e totalizam 10,0 pontos e a dissertativa vale 10,0 pontos;


b)

uma folha para o desenvolvimento da questão dissertativa, grampeada ao CARTÃO-RESPOSTA destinado às


respostas às questões objetivas formuladas na prova.


02

Verifique se este material está em ordem e se o seu nome e número de inscrição conferem com os que aparecem no


CARTÃO-RESPOSTA

. Caso contrário, notifique IMEDIATAMENTE o fiscal.


03 –

Após a conferência, o candidato deverá assinar no espaço próprio do CARTÃO-RESPOSTA, preferivelmente a caneta


esferográfica transparente de tinta na cor preta.


04 –

No CARTÃO-RESPOSTA, a marcação das letras correspondentes às respostas certas deve ser feita cobrindo a letra e


preenchendo todo o espaço compreendido pelos círculos, a

caneta esferográfica transparente de preferência de tinta


na cor preta

, de forma contínua e densa. A LEITORA ÓTICA é sensível a marcas escuras; portanto, preencha os campos


de marcação completamente, sem deixar claros.

Exemplo:


05 –

Tenha muito cuidado com o CARTÃO-RESPOSTA, para não o DOBRAR, AMASSAR ou MANCHAR.


O

CARTÃO-RESPOSTA SOMENTE poderá ser substituído caso esteja danificado em suas margens superior ou inferior -


BARRA DE RECONHECIMENTO PARA LEITURA ÓTICA.

06 –

Para cada uma das questões objetivas, são apresentadas 5 alternativas classificadas com as letras (A), (B), (C), (D) e (E);


só uma responde adequadamente à questão proposta. Você só deve assinalar

UMA RESPOSTA: a marcação em mais de


uma alternativa anula a questão,

MESMO QUE UMA DAS RESPOSTAS ESTEJA CORRETA.


07 –

As questões objetivas são identificadas pelo número que se situa acima de seu enunciado.


08 – SERÁ ELIMINADO

o candidato que:


a)

se utilizar, durante a realização da prova, de máquinas e/ou relógios de calcular, bem como de rádios gravadores,


headphones

, telefones celulares ou fontes de consulta de qualquer espécie;


b)

se ausentar da sala em que se realiza a prova levando consigo o Caderno de Questões e/ou o CARTÃO-RESPOSTA


grampeado à folha de resposta à questão dissertativa;


c)

se recusar a entregar o Caderno de Questões e/ou o CARTÃO-RESPOSTA grampeado à folha de resposta à questão


dissertativa, quando terminar o tempo estabelecido.


09 –

Reserve os 30 (trinta) minutos finais para marcar seu CARTÃO-RESPOSTA. Os rascunhos e as marcações assinaladas no


Caderno de Questões

NÃO SERÃO LEVADOS EM CONTA.


10 –

Quando terminar, entregue ao fiscal ESTE CADERNO DE QUESTÕES E O CARTÃO-RESPOSTA grampeado à folha de


resposta à questão dissertativa e

ASSINE A LISTA DE PRESENÇA.


Obs.

O candidato só poderá se ausentar do recinto da prova após 1 (uma) hora contada a partir do efetivo início da


mesma.


11 – O TEMPO DISPONÍVEL PARA ESTA PROVA DE QUESTÕES OBJETIVAS E DISSERTATIVA É DE 4 HORAS E

30 MINUTOS

, findo o qual o candidato deverá, obrigatoriamente, entregar este Caderno de Questões e o CARTÃORESPOSTA


grampeado à folha de resposta à questão dissertativa

.


12 –

As questões objetivas, a dissertativa e os gabaritos das questões objetivas serão divulgados no primeiro dia útil após a


realização da prova, no endereço eletrônico da

FUNDAÇÃO CESGRANRIO (http://www.cesgranrio.org.br).


18

2

PEB II – PARTE GERAL

PEB II

PARTE GERAL

1


De modo mais abrangente, o que se espera que o

aluno demonstre, ao término da escolaridade básica,

(A) competências e habilidades para leitura de

diferentes mídias.

(B) domínio de algoritmos computacionais e de uma

língua estrangeira.

(C) competências para transformar informação em

conhecimento e saber utilizá-lo em diferentes

contextos.

(D) domínio das novas tecnologias exigidas pelo

mundo do trabalho.

(E) domínio das técnicas de comunicação e

expressão.


2


Com base no princípio da centralidade atribuída ao

desenvolvimento da competência leitora e escritora na

Proposta Curricular do Estado de São Paulo, esperase

que os professores das diferentes disciplinas

compreendam que apenas


I

os professores de Língua Portuguesa são os


responsáveis por favorecer o desenvolvimento

desta competência.


II

os professores das disciplinas da área de Ciências


Humanas contribuem para o desenvolvimento

desta competência por meio de interpretação de

textos.


III

os professores de Matemática estão dispensados


desta atribuição, pois só utilizam textos científicos.


IV

os professores das disciplinas da área de Ciências


da Natureza estão habilitados a favorecer o

desenvolvimento dessa competência por meio de

textos científicos, entre outros.

Estão corretas

(A) I, apenas.

(B) I, II e IV apenas.

(C) I, III e IV apenas.

(D) II, III e IV apenas.

(E) I, II, III e IV.


3


Quando Luzia começou a trabalhar na escola estadual

em que é professora, tinha muita dificuldade em

identificar os papéis e funções dos diferentes

profissionais. Hoje, depois de alguns anos na escola e

de muitas reuniões, ela já compreende como se

estabelecem as relações entre os diferentes agentes e

suas responsabilidades.

Assim, Luzia deve entender que

(A) o professor coordenador é um profissional com

autonomia para modificar o projeto pedagógico da

escola sempre que achar necessário.

(B) na escola, cabe ao professor a identificação das

dificuldades do aluno, a definição dos conteúdos

e dos procedimentos de avaliação, sempre em

diálogo com o professor coordenador.

(C) a presença do professor no Conselho de Classe é

facultativa, mas a do supervisor é obrigatória.

(D) a direção da escola não se deve envolver em

ações de formação continuada nas escolas, tendo

em vista que essa é função apenas do professor

coordenador.

(E) cabe somente aos funcionários da escola

assegurar a presença dos alunos das séries

avaliadas nos dias de aplicação do Saresp.


4


Um professor, responsável por uma disciplina numa

escola da rede estadual de São Paulo, avisado pela

direção sobre uma reunião para decidir sobre a gestão

financeira da escola, recusou-se a participar, citando

as incumbências docentes previstas na Lei 9394.

O professor está

(A) errado, porque a Lei é clara quando prevê a

participação dos professores em trabalhos

dedicados ao planejamento financeiro.

(B) correto, porque, segundo a Lei, o planejamento

financeiro não faz parte de suas atribuições.

(C) correto, porque, segundo a Lei, o planejamento

financeiro não é atribuição da escola.

(D) errado, porque o planejamento financeiro da

escola deve ser coordenado pelos professores.

(E) errado, porque o planejamento financeiro de cada

escola é organizado pela Diretoria de Ensino com

participação dos professores.


3

PEB II – PARTE GERAL

5


“Em 1998 entrei para rede municipal de ensino e me

deparei com uma turma de 5ª série (508) que os

alunos estavam numa faixa etária acima da esperada

para série (média 17 anos) e que tinham muita

dificuldade para aprender, por não sentirem interesse

em estar inclusive estudando. De início eu não

conseguia aceitar tanta falta de conhecimento e tanto

desinteresse, depois comecei a pesar as condições

psicológicas, sociais, familiares e etc... E foi então que

comecei a repensar essa nova postura e atitude com

relação a métodos de trabalho e avaliações pois as

condições deles eram bem diferentes das quais eu

estava habituada.” (depoimento de uma professora)

Como expressado no depoimento da professora, os

fatores que envolvem a aprendizagem escolar são

muitos e precisam ser considerados no momento de

definição de estratégias de ensino. Para ajudar a

formular essas estratégias, a professora deve sugerir

ao coordenador que discutam, nas HTPCs,

(A) os problemas de cada família de alunos da

escola, procurando soluções para eles.

(B) as questões que dizem respeito à política de

financiamento da Educação Básica.

(C) as questões que envolvem a política estadual de

atribuição de classes.

(D) as questões que envolvem a um tratamento de

natureza pedagógica aos alunos defasados

idade/série.

(E) as questões que envolvem a adaptação dos

alunos em idade/série correta aos demais que

estejam defasados.


6


Sobre o projeto político-pedagógico da escola é

correto afirmar que

(A) é um documento orientador da ação da escola,

onde se registram as metas a atingir, as opções

estratégicas a seguir, em função do diagnóstico

realizado, dos valores definidos e das

concepções teóricas escolhidas.

(B) deve prover a orientação para a condução de

cada disciplina e, sempre que possível, para uma

articulação disciplinar, por meio de fazeres

concretos, como projetos de interesse individual.

(C) deve refletir o melhor equacionamento possível

entre recursos humanos, financeiros, técnicos,

didáticos e físicos, para garantir bons resultados

ao final do ano letivo.

(D) é um documento formal elaborado ao início de

cada ano letivo que se realiza mediante um

processo único de reflexão sobre a prática

pedagógica dos professores.

(E) possui uma dimensão política, no sentido de

compromisso com a formação do cidadão

participativo e responsável, e pedagógica, porque

orienta o trabalho dos docentes e que a escola

tenha uma perspectiva de trabalho única e

diretiva.


7


Um dos papéis do professor na proposta pedagógica

da unidade escolar é que ele

(A) deve elaborar sozinho a proposta pedagógica e

garantir sua execução no tempo determinado pela

direção da escola.

(B) deve priorizar pagar com seu salário diversos

cursos de capacitação em serviço para melhor

desenvolver a proposta pedagógica da escola.

(C) não precisa estar a par dos resultados de sua

escola no Saeb e no Saresp já que estes dados

serão desnecessários para o replanejamento de

suas aulas.

(D) deve atuar em equipe em favor da construção da

proposta, valorizando a formação continuada e o

estudo das Propostas Curriculares da SEE/SP.

(E) não necessita conhecer a realidade e as

identidades locais pois isso é desnecessário no

desenvolvimento da proposta pedagógica da

escola.


8


Os dados do INEP mostram que, em 2008, dentre as

20 primeiras escolas no ranking do Estado de São

Paulo, a partir dos resultados do ENEM, 18 são

privadas e duas são centros federais de educação

tecnológica.

É corrente a hipótese de que existe uma relação entre

o nível socioeconômico dos alunos e os resultados de

desempenho escolar.

Assim, os professores das escolas públicas têm

avançado no sentido de reconhecer os fatores ditos

“externos” que interferem no desempenho escolar e

criar alternativas pedagógicas para dotar o ensino

público da qualidade almejada.

Marque a alternativa que demonstre uma ação

docente adequada nesse contexto, segundo

Hoffmann.

(A) As matrizes curriculares, a partir dos projetos

político-pedagógicos, devem ser seguidas sem

adaptação à realidade social das escolas.

(B) As metodologias de ensino idealizadas como

pertinentes devem ser aplicadas para atender às

determinações legais.

(C) Os valores ou conceitos atribuídos ao

desempenho dos alunos devem ser ajustados de

acordo com a origem socioeconômica.

(D) As turmas devem ser reorganizadas a cada ano,

de acordo com os resultados de desempenho,

adaptando-se os procedimentos didáticos e

outros processos de avaliação ao nível de cada

uma.

(E) Os processos educativos, culminando com as

práticas avaliativas, não devem ser moldes onde

os alunos têm que se encaixar pelo seu

desempenho.


4

PEB II – PARTE GERAL

9


Segundo César Coll e Elena Martín (2004), quanto

mais amplos, ricos e complexos forem os significados

construídos, isto é, quanto mais amplas, ricas e

complexas forem as relações estabelecidas com os

outros significados da estrutura cognitiva, tanto maior

será a possibilidade de utilizá-los para explorar

relações novas e para construir novos significados.

O que pode fazer uma professora para ampliar as

possibilidades de alunos que estejam construindo

conhecimentos, ainda no concreto, mas que já estão

em passagem para um pensamento abstrato?

(A) Propor atividades interdisciplinares, utilizando

blocos lógicos.

(B) Promover situações de interação entre os alunos

mais velhos da turma.

(C) Estimular o conflito cognitivo entre previsão e

constatação.

(D) Partir de uma estrutura concreta e avaliar sua

limitação.

(E) Sugerir situações de avaliação do nível operatório

formal.


10


A SEE/SP recomenda aos seus professores o uso de

estratégias diversificadas de avaliação. Que

depoimento é o de um professor que segue essa

orientação?

(A) “Não dou mais provas, e sim pequenos testes e

atividades que, ao final do bimestre, me dão a

ideia de como estão meus alunos. Aí, sim, lanço

as notas.”

(B) “Será que todos os alunos que ficam com média

7,0, no somatório das notas das várias atividades,

são iguais, aprenderam as mesmas coisas? Acho

que não. Por isso, não trabalho mais com notas,

mas sim com conceitos.”

(C) “Aplico provas, mando fazer pesquisa, individual e

em grupo, proponho atividades em sala de aula,

diversifico o máximo para dar oportunidade a

todos de me mostrarem o que estão aprendendo.”

(D) “Eu entregava as notas que eles sabiam valer

para promoção. Ao verificar suas notas básicas,

fazia com que fossem corrigindo seus erros, um a

um. A maioria desses alunos com dificuldades de

aprendizagem é muito dispersiva.”

(E) “Às vezes a avaliação escolar é transformada em

um mecanismo disciplinador de condutas sociais.

Por exemplo, já vi situações em que uma atitude

de “indisciplina” na sala de aula, por vezes, é

imediatamente castigada com um teste

relâmpago.”


11


Assim como não podemos falar em uma escola

genérica, no singular, pois todas são diferentes, por

mais que se assemelhem, também não podemos falar

numa família no singular, principalmente nos dias

atuais, em que a própria configuração familiar tem

mudado profundamente. Mas, ainda assim, o

ambiente familiar é o ponto primário das relações

socioafetivas para a grande maioria das pessoas.

No que se refere à escola, os PCNs assinalam

algumas considerações sobre a relação entre a família

e a escola. Assinale a alternativa correta.

(A) É função da educação estimular a capacidade

crítica e reflexiva nos alunos para aprender a

transformar informação em conhecimento, pois

tanto a escola como a família são mediadoras na

formação das crianças e jovens.

(B) Nos dias de hoje, a escola substitui a família, pois

possibilita a discussão de diferentes pontos de

vista associados à sexualidade, sem a imposição

de valores, cabendo à escola julgar a educação

que cada família oferece a seus filhos.

(C) A existência da família por si só, assegura o

desenvolvimento saudável da criança, uma vez

que ela é também influenciada por fatores

intrínsecos que determinam, em grande parte, a

maneira como se apropriará dos recursos

disponíveis.

(D) As conquistas no âmbito do trabalho promoveram

uma maior inserção da mulher em diferentes

segmentos da sociedade, e com isso, maior

controle de seu tempo, sobretudo no que se

refere à dedicação aos filhos e ao desempenho

da função educativa dentro da família.

(E) A escola pode desconsiderar o efeito família visto

que com a variedade de tipos de organização

familiar e as diferenças e crises que se instalam,

a família, de forma geral, está deixando de ser um

espaço valorizado pelos adolescentes e jovens.


12


Tanto nos PCNs do 3º e 4º ciclos do Ensino

Fundamental quanto na Proposta Curricular do Estado

de São Paulo, defende-se que as situações

pedagógicas devem envolver os alunos em sua

aprendizagem e em seu trabalho, de modo a favorecer

sua formação íntegra. Para isso, é importante que o

professor

(A) ofereça atividades pedagógicas fixas e

determinadas.

(B) ofereça um projeto estruturado de formação para

todos.

(C) desenvolva instrumentos para avaliar conteúdos.

(D) articule os conteúdos curriculares ao

desenvolvimento de competências.

(E) ofereça normas e regras de conduta e previsão

de punições.


5

PEB II – PARTE GERAL

13


Uma escola urbana, ao formar as turmas pelo critério

da homogeneidade a partir dos resultados de

desempenho dos seus alunos no ano anterior, acaba

por formar uma turma excessivamente heterogênea.

A professora da turma, para minimizar os problemas

de ensino e de aprendizagem, deve

(A) elaborar diferentes tipos de avaliação para

compensar o desnível de aprendizagem e

equilibrar os resultados de desempenho.

(B) organizar a turma em grupos mais homogêneos

por tipo de dificuldade para possibilitar um

sistema de cooperação entre os alunos.

(C) adotar uma pedagogia diferenciada criando

atividades múltiplas menos baseadas na

intervenção do professor para possibilitar

atendimentos personalizados.

(D) reprovar os alunos que apresentam dificuldades

de aprendizagem para colocá-los em uma turma

de maturidade mais próxima para que eles

consigam acompanhar.

(E) propor uma reorganização das turmas, no âmbito

da escola, considerando os níveis de dificuldade

de cada aluno, para possibilitar um planejamento

pedagógico homogêneo.


14


Sobre os exames nacionais de avaliação da educação

brasileira, é correta a seguinte afirmativa:

(A)

O Enem tem papel fundamental na


implementação da reforma do Ensino Médio, ao

apresentar provas nas quais as questões são

formuladas a partir de situação-problema,

interdisciplinaridade e contextualização.


(B) A Provinha Brasil tem por objetivo oferecer aos

gestores das redes de ensino um instrumento

para diagnosticar o nível de alfabetização dos

alunos, ainda no início da educação básica,

sendo aplicada na última série da educação

infantil.

(C) A Prova Brasil, realizada a cada três anos, avalia

as habilidades em Língua Portuguesa, com foco

na leitura, e em Matemática, com foco nas quatro

operações, sendo aplicada somente a alunos do

9º ano da rede pública de ensino nas áreas

urbana e rural.

(D) A partir do SAEB, o Ministério da Educação e as

secretarias estaduais e municipais definem as

escolas pelo desempenho e dirigem seu apoio

técnico e financeiro para o desenvolvimento das

cinquenta últimas escolas classificadas em cada

município.

(E) O Pisa é um programa de avaliação internacional

padronizada, desenvolvido para os jovens dos

países europeus aplicada a alunos de 15 anos a

cada dois anos, abrangendo as áreas de

Matemática e Ciências.


15


Das características do SARESP, a que representa

uma inovação a partir de 2007 é a

(A) inclusão das escolas estaduais rurais no

processo.

(B) supressão de redação na prova de língua

portuguesa.

(C) utilização de itens pré-testados e elaborados a

partir das Matrizes de Referência.

(D) participação, por adesão, da rede estadual e da

rede particular.

(E) assunção das despesas das adesões das redes

municipal e particular pelo governo estadual.


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O IDEB é um índice de desenvolvimento da educação

básica criado pelo INEP (Instituto Nacional de Estudos

e de Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira) em

2007, como parte do Plano de Desenvolvimento da

Educação (PDE).

Sobre o IDEB, é correto afirmar que

(A) é calculado com base, exclusivamente, na taxa

de rendimento escolar dos alunos.

(B) é a ferramenta para acompanhamento das metas

de qualidade do PDE para a educação básica.

(C) é um índice de rendimento escolar cujo resultado

é usado como critério na concessão de bolsas de

estudo.

(D) permite um mapeamento geral da educação

brasileira, e seu resultado define a concessão de

aumentos orçamentários para as escolas.

(E) representa a iniciativa pioneira de reunir, em um

só indicador, três conceitos igualmente

importantes: desempenho de alunos, fluxo

escolar e desempenho docente.


17


Antônio, aluno que se poderia chamar de “bom aluno”,

sempre muito quieto e delicado. Certo dia, durante

uma atividade de grupo, Rodrigo chama-o

agressivamente de homossexual.

Diante da situação e percebendo que Antônio temia

represálias de Rodrigo, a atitude mais adequada de

um professor com o compromisso de enfrentar

“deveres e os dilemas éticos da profissão” é

(A) suspender os trabalhos em andamento para

discutir o incidente crítico.

(B) repreender o agressor imediatamente e mandá-lo

para a direção já com uma indicação.

(C) retirar agressor e agredido de sala para que se

entendam sem atrapalhar o andamento da aula.

(D) dirigir-se ao aluno agressor sem interromper as

atividades e retirá-lo de sala, mandando-o à

direção.

(E) chamar a autoridade administrativa para a sala de

aula a fim de dar providências disciplinares ao

agressor.


6

PEB II – PARTE GERAL

18


Em uma atividade de grupo numa aula de Língua

Portuguesa, o professor observava vários

comportamentos diferentes em relação à participação

dos alunos: num dos grupos, Maria falava sem parar e

não permitia a participação dos demais; em outro,

José não falava nada, apenas escrevia; noutro, todos

conversavam sobre alguma coisa que não parecia o

assunto a ser debatido. Num quarto grupo, os alunos

sequer falavam, pois todos estavam desenvolvendo

individualmente e por escrito a solicitação do

professor; havia, ainda, um quinto e um sexto grupo

que não despertaram maior atenção no professor.

Usar esses registros para proceder a uma avaliação

mediadora pressupõe a seguinte atitude do professor:

(A) Sancionar e premiar os alunos segundo suas

observações, apresentando seus registros como

justificativa das notas atribuídas.

(B) Desconsiderar a atividade realizada e, após a

crítica às diferentes participações, propor uma

nova atividade de grupo para atribuição de nota.

(C) Conversar com a turma sobre suas observações,

a partir dos registros feitos, fazendo a crítica à

participação dos alunos depois de dada a nota.

(D) Discutir com a turma as suas observações e

definir, a partir do debate, como essas diferentes

participações poderão interferir na avaliação final.

(E) Atribuir notas baixas aos alunos cujo registro da

observação foi considerado negativo pelo

professor, criticando, diante da turma, as atitudes

desses alunos.


19


Para Tardif, o saber docente é um saber plural,

oriundo da formação profissional (o conjunto de

saberes transmitidos pelas instituições de formação de

professores); de saberes disciplinares (saberes que

correspondem aos diversos campos do conhecimento

e emergem da tradição cultural); curriculares

(programas escolares) e experienciais (do trabalho

cotidiano).

Assinale a alternativa que expressa o pensamento do

autor.

(A) A prática docente é desprovida de saber, e plena

de saber-fazer.

(B) O saber docente está somente do lado da teoria,

ao passo que a prática é portadora de um falso

saber baseado em crenças, ideologias, idéias

preconcebidas.

(C) Os professores são apenas transmissores de

saberes produzidos por outros grupos.

(D) Os saberes de experiência garantem sucesso no

desenvolvimento das atividades pedagógicas.

(E) O saber é produzido fora da prática e, portanto,

sua relação com a prática só pode ser uma

relação de aplicação.


20


Diretrizes Curriculares Nacionais são o conjunto de

definições doutrinárias sobre princípios, fundamentos

e procedimentos na Educação Básica, expressas pela

Câmara de Educação Básica do Conselho Nacional de

Educação, e orientam as escolas brasileiras dos

sistemas de ensino, na organização, na articulação, no

desenvolvimento e na avaliação de suas propostas

pedagógicas. As Diretrizes Curriculares Nacionais

para o Ensino Fundamental dizem que as escolas

deverão estabelecer, como norteadoras de suas ações

pedagógicas:


I

os Princípios Éticos da Autonomia, da


Responsabilidade, da Solidariedade e do Respeito

ao Bem Comum;


II

os Princípios Políticos dos Direitos e Deveres de


Cidadania, do exercício da Criticidade e do respeito

à Ordem Democrática;


III

os Princípios Estéticos da Sensibilidade, da


Criatividade, e da Diversidade de Manifestações

Artísticas e Culturais.

Marque as afirmativas corretas.

(A) I, apenas.

(B) I e II, apenas.

(C) I e III, apenas.

(D) II e III, apenas.

(E) I, II e III.


7

PROFESSOR EDUCAÇÃO BÁSICA II E PROFESSOR II

DE LÍNGUA PORTUGUESA

LÍNGUA PORTUGUESA

21


Um dos fatores de diferenciação entre linguagem

verbal e não verbal é o que se refere ao emprego de

palavras gramaticais. Segundo Nilce Sant’anna

Martins, em

Introdução à estilística, as palavras


gramaticais são pouco numerosas, mas de altíssima

frequência nos enunciados, desempenhando funções

de grande importância que podem estar relacionadas

com o ato de enunciação, com a organização do

discurso ou texto, ou com a estruturação da frase.

Segundo a autora, o emprego de palavras

gramaticais serve para, entre outras funções,

(A) indicar quantidade e intensificação por meio de

numerais, pronomes e preposições.

(B) informar o espaço e o tempo em que se realiza a

enunciação sem mencionar os participantes.

(C) relacionar o enunciado com a enunciação sem

indicar os participantes da comunicação.

(D) substituir morfemas no processo de formação de

palavras.

(E) relacionar elementos inferidos da leitura do

enunciado.


22


A comunicação apresenta-se em duas situações:

verbal e não verbal. Enquanto a não verbal diz

respeito à leitura de imagens, a verbal manifesta-se

por meio da oralidade (fala) e da escrita.

Segundo Ingedore V. Koch, a fala e a escrita

constituem duas modalidades de uso da língua.

Embora se utilizem, evidentemente, do mesmo

sistema linguístico, elas possuem características

próprias. Isto não significa, porém, que fala e escrita

devam ser vistas de forma dicotômica, estanque,

como era comum até há algum tempo e, por vezes,

acontece ainda hoje. Vem-se postulando que os

diversos tipos de práticas sociais de produção textual

situam-se ao longo de um contínuo tipológico, em

cujas extremidades estariam, de um lado, a escrita

formal e, de outro, a conversação espontânea,

coloquial.

De acordo com essa posição teórica, é correto

afirmar que

(A) a fala e a escrita apresentam diferentes graus de

formalidade de acordo com a situação

comunicativa.

(B) a fala e a escrita são atividades que se

assemelham em relação à frequência de

estruturas passivas.

(C) a fala é uma atividade de caráter cultural, e a

escrita é uma atividade de natureza técnica.

(D) a fala é uma produção de maior variedade

vocabular, enquanto a escrita caracteriza-se por

menor densidade lexical.

(E) a fala realiza-se sem planejamento, ao contrário

da escrita, que é planejada.


23


Em uma atividade de sala de aula, o professor

sugere à turma a leitura do texto que segue, com vista

à discussão das diferentes necessidades

comunicativas entre pessoas num mesmo ambiente

de trabalho. Nilce Sant’anna Martins fala do resíduo

afetivo que salva a imagem e de um elemento afetivo

que pode variar de indivíduo para indivíduo.


O BLÁ-BLÁ-BLÁ DAS EMPRESAS


O que você entende da frase

tal colaborador foi


desligado

? Antes de pensar que um consultor de sua


empresa se mostra desatento ou que um colega que

tem contrato temporário foi dispensado de um projeto,

experimente trocar a palavra

colaborador por


funcionário

e desligado por demitido. Captou a


mensagem? Cada vez mais, palavras usadas no

discurso das companhias vêm sendo substituídas por

outras. Esse vocabulário é apontado pelos

especialistas como uma ferramenta para manter um

bom clima organizacional. Resumo da ópera: se você

faz, bem, mil coisas diferentes ao mesmo tempo no

trabalho, não adianta reclamar que está


sobrecarregado

. A empresa provavelmente gosta e


considera você um funcionário

multifuncional.


DIAS, Paula. Caderno Boa Chance. Jornal

O Globo, 26 de julho de


2009. Fragmento.


Da leitura do texto, os alunos devem depreender

que uma estratégia verbal adotada atualmente nas

empresas é a de

(A) empregar frases feitas para a comunicação

interpessoal.

(B) fazer uso de gírias para tornar a comunicação

mais amigável.

(C) incluir metáforas na linguagem diária para

comunicar decisões empresariais.

(D) substituir palavras para amenizar o seu sentido

original.

(E) utilizar vocabulário técnico para preservar a

autoridade nas relações funcionais.


24


Leia o trecho em que Monteiro Lobato descreve o

reino das Águas Claras em

Reinações de Narizinho:


E canários cantando e beija-flores beijando flores, e

camarões camaronando e caranguejos

caranguejando, tudo que é pequenino e não morde

pequeninando e não mordendo.


Nesse texto, o autor empregou o recurso que

Nilce Sant´anna Martins, em

Introdução à estilística,


designa como

(A) aliteração.

(B) anonimação.

(C) assonância.

(D) onomatopéia.

(E) paranomásia.


8

PROFESSOR EDUCAÇÃO BÁSICA II E PROFESSOR II

DE LÍNGUA PORTUGUESA

25


Segundo Nilce Sant’anna Martins, em

Introdução


à estilística

, nos textos de autores regionalistas,


encontramos formas populares que têm a função de

evocar o nível cultural das personagens ou marcar a

língua arcaica das zonas rurais ou do sertão. Em

Guimarães Rosa, além das formas populares,

encontramos alterações fonéticas feitas pelo autor

para reforçar o teor expressivo das palavras.

Leia as alternativas abaixo. Numere a coluna da

direita de acordo com a da esquerda e depois marque

a alternativa em que se apresenta a ordenação

adequada aos conceitos expressos.


(1) acréscimo de

sibilantes no final de

palavras invariáveis.

( )

e também se


desabalando de lá,

xamenxame de abelhas

bravas.

(Grande sertão:


veredas)

(2) inovação do

processo superlativo

de termos.

( )

...intugidos até então,


mumumudos.


(Primeiras estórias)

(3) acréscimo de fonema

no interior do

vocábulo.

( )

cobra serepente malina.


(

Grande sertão:


veredas)

(4) acréscimo de teor

onomatopaico.

( )

foras de norma.


(

Grande sertão:


veredas)

(5) perda de som final. ( )

gol d’alguma cachaça.


(Grande sertão:

vereda

s)


(A) 2, 3, 4, 5, 1.

(B) 5, 4, 2, 1, 3.

(C) 3, 5, 2, 1, 4.

(D) 4, 2, 3, 1, 5.

(E) 1, 2, 3, 4, 5.


26


Consoante Nilce Sant’anna Martins, em


Introdução à estilística

, entre as linguagens especiais


que evocam determinadas classes sociais ou grupos

profissionais, é a gíria a que oferece maiores

possibilidades expressivas, traços afetivos mais

intensos. O vocabulário inicialmente restrito a um

grupo pode generalizar-se, passando então a fazer

parte do dialeto social popular, renovando-se

constantemente.

Em uma atividade de sala de aula, para discutir o

uso de gírias, o professor apresenta à turma o

seguinte fragmento.

Outro dia, a estudante de Relações Públicas

Priscilla Franco estava numa rodinha com amigos e,

querendo retomar um assunto, soltou um

voltando à


vaca fria

. A gargalhada foi geral, e quase ninguém


entendeu o que ela disse. Mas a universitária já não

estranha esse tipo de reação. Ela é do tipo que,

mesmo em seus 20 e poucos anos, costuma tirar

expressões

do fundo do baú, como Inês é morta,


batuta

.


HELAL FILHO, William. Jornal

O Globo. Rj, 4 de ago de 2009.


O estranhamento ante a fala da colega deve-se

ao fato de a estudante

(A) empregar jargão profissional dos jovens

universitários.

(B) fazer uso de gírias próprias de uma outra

geração.

(C) inovar o sentido de expressões em desuso.

(D) privilegiar palavras e expressões consagradas

pelos dicionários.

(E) usar formas eruditas em conversa informal com

os colegas.


27


Marcuschi, em

Da fala para a escrita: atividades


de retextualização

, manifestou-se a respeito de


modalidades típicas da oralidade e da escrita, que

constituem um gênero comunicativo

misto situado no


entrecruzamento de fala e escrita. Nesse caso,

enquadra-se o

internetês, maneira de escrever


estabelecida em função da inovação tecnológica que

adentrou os meios de comunicação. Criou-se essa

prática peculiar de trocar mensagens, a qual se

inscreve nos procedimentos neológicos típicos do

dinamismo das línguas vivas.

Para discutir com a turma a presença do


internetês

na comunicação, especialmente entre os


jovens, o professor propõe a leitura do seguinte

fragmento.


Vamos aprender internetês?

Vc quer tuitar? Eu axo q seria legal p ixcrever sbr

a vida!

Não entendeu muita coisa dessa frase? Vamos à

tradução: Vc é a abreviação de você, utilizada para

acelerar a comunicação. Isso acontece com as letras

p, que é a abreviação de para e q, abreviação de que.

Tuitar significa escrever no Twitter, o miniblog que é a

sensação do momento.


SMAAL, B. P.

Como está seu internetês? Conheça a linguagem


utilizada no mundo online

. Disponível em: www.baixaki.com.br, 23


de julho de 2009. Acesso em 21 de dezembro de 2009. Fragmento.


Ao discutir com a turma a presença do

internetês


na comunicação, especialmente entre os jovens, o

professor informa que os estudiosos não são

unânimes na apreciação desse tema, como se

depreende das alternativas abaixo, colhidas e

adaptadas da Revista de Língua Portuguesa

(dezembro de 2009) e do jornal

O Globo (19/12/2009).


Marque a alternativa em que se restringe o uso

do internetês como metamorfose natural da língua.

(A)

A estenografia também é uma escrita simplificada


do original, que tem o mesmo objetivo de

aproveitar melhor o tempo e o espaço, assim

como o internetês.

(Silvia Bittencourt)


(B)

Agora, o interneteiro pode ajudar a reduzir os


excessos da ortografia, e bem sabemos que são

muitos. O interneteiro mostra um caminho, pois

faz um casamento curioso entre oralidade e

escrituralidade.

(Ataliba de Castilho)


(C)

As escolas precisam aprender a conviver com


essa realidade. É óbvio que, nas provas e nas

aulas, sempre haverá a exigência do aprendizado

da língua padrão, principalmente na forma escrita.

(

Elizabeth Montero)


(D)

Por meio da Internet, nunca se escreveu tanto.


Alega-se que os jovens escrevem mal,

estropiando a linguagem, mas é um pouco como

fazia o telegrama, avô do Twitter, ao economizar

palavras usando abreviações (vg, pt, vc).

(Zuenir


Ventura)


(E)

Uma coisa é usar gírias e internetês na


informalidade e com amigos. Outra é levar esses

vícios para toda a comunicação.

(Elenice Lorenz)


9

PROFESSOR EDUCAÇÃO BÁSICA II E PROFESSOR II

DE LÍNGUA PORTUGUESA

28


Nilce Sant’anna Martins afirma que os regionalismos permitem a evocação de certos aspectos de determinada

parte do país, produzindo efeitos diferentes conforme o ouvinte ou leitor seja ou não dessa região.

Para exemplificar essas diferenças linguísticas, o professor apresenta à turma a seguinte tira:


Jornal

O Globo. Rio de Janeiro, 04 de novembro de 2007.


Nos quadrinhos selecionados, a variação linguística é de natureza

(A) fonética.

(B) lexical.

(C) morfológica.

(D) semântica.

(E) sintática.


29


As tiras constituem material usado com

frequência em sala de aula para estudos sobre a

dinâmica da língua, conjugando possibilidades de

desenvolvimento conteudístico com um clima de

descontração, necessário ao bom êxito da relação

ensino e aprendizagem. Observe o texto a seguir.


Jornal do Brasil, Rio de Janeiro, 01 de abril de 1990.


Após a leitura da tira, o professor deve propor à

turma o reconhecimento de que as relações

morfossintáticas respondem pela seleção adequada

dos pronomes oblíquos numa frase. O humor da tira

selecionada reside no/na

(A) complexidade informativa da língua oral.

(B) desobediência às regras de concordância

nominal.

(C) predominância dos recursos da escrita.

(D) uso de objeto direto por indireto.

(E) utilização apropriada das classes nocionais.


30


Leia o texto a seguir, retirado de um site sobre a

Língua Portuguesa.

Tempos atrás foi exibido, na televisão, um

anúncio cujo texto dizia:

... a marca que o mundo


confia

. Acontece que quem confia confia em. Logo, o


correto seria dizer:

... a marca em que o mundo confia.


Na linguagem informal, diz-se em geral

A rua que


eu moro

, Os países que eu fui, A comida que eu mais


gosto

. Conforme a norma culta, as construções


corretas seriam

A rua em que moro, Os países a


que fui

, A comida de que mais gosto.


CIPRO NETO, P.

Nossa Língua Portuguesa (site). São Paulo: TV


Cultura. Disponível em:

http://www.tvcultura.com.br/aloescola/linguaportuguesa. Acesso em

20 de dezembro de 2009.


Nesse texto, o autor descreve um processo

essencial à sobrevivência das línguas que é a

variação linguística. O texto se refere

(A) à eliminação do pronome relativo em construções

adjetivas nas situações informais.

(B) à mudança na regência de verbos em orações

introduzidas por pronome relativo.

(C) à substituição do pronome relativo pela conjunção

integrante na modalidade escrita.

(D) ao desaparecimento do tópico frasal em períodos

compostos por subordinação.

(E) ao deslocamento da preposição que acompanha

o pronome relativo em textos orais.


10

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DE LÍNGUA PORTUGUESA


Considere o texto a seguir para responder às

questões

31 e 32.


A linguagem e a vida são uma coisa só. Quem não fizer

do idioma o espelho de sua personalidade não vive; e

como a vida é uma corrente contínua, a linguagem

também deve evoluir constantemente. Isso significa

que como escritor devo-me prestar contas de cada

palavra e considerar cada palavra o tempo necessário

até ela ser novamente vida. O idioma é a única porta

para o infinito, mas infelizmente está oculto sob

montanhas de cinzas.


ROSA, João Guimarães.

Grande sertão: veredas. Rio de Janeiro:


José Olympio, 1956.


31


Para ressaltar a importância da comunicação

verbal, o autor emprega linguagem

(A) denotativa, para demonstrar fidelidade ao sentido

que deseja expressar.

(B) figurada, com base no exagero para enfatizar o

sentido proposto.

(C) jornalística, para descrever o âmbito em que se

insere a afirmação feita.

(D) popular, para atingir o maior número possível de

leitores.

(E) técnica, própria das reflexões de caráter

linguístico.


32


No texto, Guimarães Rosa enfatiza dois pontos: a

peculiaridade das línguas de se modificarem ao longo

do tempo e a necessidade de os seus falantes

acompanharem essa evolução. No texto selecionado,

o autor relaciona

(A) comunicação e interação.

(B) língua e informação.

(C) língua e sociedade.

(D) linguagem e cultura.

(E) linguagem e pensamento.

Considere o texto a seguir para responder às

questões

33 e 34.


Celebração das contradições

Desamarrar as vozes, dessonhar os sonhos:

escrevo querendo revelar o real maravilhoso, e

descubro o real maravilhoso no exato centro do real

horroroso da América.

Nestas terras, a cabeça do deus Elegguá leva a

morte na nuca e a vida na cara. Cada promessa é uma

ameaça; cada perda, um encontro. Dos medos

nascem os corações; e das dúvidas, as certezas. Os

sonhos anunciam outra realidade possível e os

delírios, outra razão.

Somos, enfim, o que fazemos para transformar o

que somos. A identidade não é uma peça de museu,

quietinha na vitrine, mas a sempre assombrosa síntese

das contradições nossas de cada dia.

Nessa fé, fugitiva, eu creio. Para mim, é a única fé

digna de confiança, porque é parecida com o bicho

humano.


GALEANO, Eduardo.

O livro dos abraços, Porto Alegre: LP&M,


1991, 2. ed. Fragmento.


33


O título “Celebração das contradições” antecipa a

ocorrência, no texto, de algumas incongruências por

meio das quais o narrador pretende refletir sobre

realidade e sonho. O texto selecionado apresenta, em

algumas passagens, ruptura de natureza semântica.

Marque a alternativa que apresenta um

enunciado com ruptura de natureza semântica.

(A)

A identidade não é uma peça de museu, quietinha


na vitrine (...)


(B)

Cada promessa é uma ameaça; cada perda, um


encontro.


(C)

Dos medos nascem os corações; e das dúvidas,


as certezas.


(D)

Nestas terras, a cabeça do deus Elegguá leva a


morte na nuca e a vida na cara.


(E)

Somos, enfim, o que fazemos para transformar o


que somos

.


34


Os neologismos criam significados e significantes

inusitados que ampliam o acervo lexical das línguas.

Na criação neológica, os prefixos são elementos

produtivos, tal como se verifica em

desdizer, em que


um novo significado é obtido a partir da prefixação.

Marque a alternativa em que o significado entre

parênteses do prefixo está corretamente identificado

em relação à palavra à qual se incorporou.

(A) contradizer (reduzir).

(B) desamarrar (repetir).

(C) dessonhar (desfazer).

(D) revelar (transformar).

(E) reler (acompanhar).


35


O texto a seguir faz parte do anúncio publicitário

de um banco.


Banco Fortuna – todo seu.


Faz diferença se sentir à vontade no seu banco.

Seja porque ele é parecido com você ou porque você

se sente parte dele. Faz diferença ter um banco todo

seu. A Luísa é funcionária do Banco Fortuna. Faz

parte do banco que tem a cara desse País, onde

trabalham pessoas de todas as raças, de todas as

regiões, de todas as culturas. Onde você sabe que vai

encontrar alguém como você. E é assim que nossas

diferenças fazem a diferença. Porque respeitamos e

valorizamos a diversidade.


Revista Piauí. São Paulo/Rio de Janeiro, janeiro 2009. Adaptado.


O texto publicitário procura convencer o leitor a

adotar um comportamento, a tomar uma decisão, uma

atitude etc., e, para isso, faz uso de determinadas

estratégias. O sujeito que emite o discurso procura

convencer seu interlocutor a se tornar cliente de um

banco. Embora esta não seja uma situação de

interlocução em que os falantes estão presentes,

existe uma mensagem com intenção persuasiva. Isso

pode ser percebido no texto pela / pelo

(A) alta frequência do pronome de tratamento você.

(B) emprego de frases de acordo com a sintaxe

padrão.

(C) menção a pessoas de todas as regiões e culturas.

(D) referência a uma pessoa por meio de seu nome.

(E) uso das formas verbais

respeitamos e


valorizamos

.


11

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DE LÍNGUA PORTUGUESA

36


Considere os textos a seguir.


Texto 1


Esta foi a origem do pecado original, e esta é a

causa original das doenças do Brasil – tomar o

alheio, cobiças, interesses, ganhos e conveniências

particulares, por onde a justiça se não guarda e o

Estado se perde. Perde-se o Brasil, Senhor (digamolo

em uma palavra), porque alguns ministros de Sua

Majestade não vêm cá buscar o nosso bem, vêm cá

buscar nossos bens. Assim como dissemos que se

perdeu o Mundo, porque Adão fez só a metade do

que Deus lhe mandou, em sentido averso – guardar

sim, trabalhar não, assim, podemos dizer que se

perde também o Brasil, porque alguns dos seus

ministros não fazem mais que a metade do que El-rei

lhes manda.


VIEIRA, A.

Sermão da Visitação de Nossa Senhora. In: Obras


Completas do Pe. Antônio Vieira: Sermões

, Vol. III, Tomo IX.


Porto/Portugal: Lello Irmãos Editores, 1959. Fragmento.


Texto 2


Mas a principal mercê que os três donatários

obtiveram do monarca lhes foi garantida por um alvará

assinado no dia 18 de junho de 1535, mediante o qual

ficou decidido que

todas as minas de prata por eles


achadas e descobertas de qualquer modo que seja em

quaisquer partes que fiquem, pelas terras adentro de

suas capitanias

passariam a lhes pertencer para todo


o sempre por juro e herdade

, podendo ser repassadas


a seus filhos, netos e herdeiros legais.


BUENO, Eduardo.

Capitães do Brasil. Rio de Janeiro: Objetiva Ltda,


1999. Fragmento.


Os textos de Vieira e de Bueno tratam, cada um a

seu modo, da / do

(A) causa dos problemas brasileiros e da legitimação

dos ganhos dos colonizadores lusitanos,

expressa por alguns vocábulos em desuso.

(B) confisco dos bens materiais dos brasileiros e da

ganância política dos colonizadores, expresso

pela presença de campos semânticos referentes

à colonização.

(C) falsidade da justificativa de pretender salvar a

alma do gentio e levar a eles a palavra da

cristandade, por meio de termos ligados à

religião.

(D) negligência administrativa dos ministros de El-Rei

e da cumplicidade da Coroa, evidenciada por

termos do jargão dos colonizadores.

(E) prejuízo do mundo civilizado em virtude da sanha

colonizadora dos portugueses, como se

depreende do uso de termos anacrônicos.


37


Sabe-se que nenhuma língua se mantém igual

em toda a extensão em que é falada. Variedades de

diferentes ordens (geográfica, social, individual)

ocorrem sem prejuízo da unidade superior do idioma.

Leia os textos a seguir e responda ao que se

pede.


Texto1


Há uma grande diferença se fala um deus ou um

herói; se um velho amadurecido ou um jovem

impetuoso na flor da idade; se uma matrona autoritária

ou uma ama dedicada; se um mercador errante ou um

lavrador de um pequeno campo fértil (...)


HORACIO.

Ars poetica. /s.n.b./. Fragmento.


Texto2


Você teve inducação.

Aprendeu muita ciença.

Mas das coisas do sertão

Não tem boa experiença.

Nunca fez um paioça

Nunca trabaiou na roça.

Não pode conhecer bem,

Pois nesta penosa vida,

Só quem penou da comida

Sabe o gosto que ela tem.


Patativa do Assaré.

Cante lá que eu canto cá. Petrópolis: Vozes,


1978. Fragmento.


Os textos de Horacio e de Patativa do Assaré se

inserem no quadro da variação das línguas vivas. Uma

possível análise do processo de variação dos textos

apresentados indica que

(A) a estrutura do texto de Horacio revela um

universo marcado por diferenças de registro.

(B) a estrutura do texto de Patativa impede a

compreensão do conteúdo do poema.

(C) ambos os textos retratam variedades de caráter

morfossintático.

(D) o texto de Horacio refere-se às variantes

inerentes à dinâmica da vida.

(E) o texto de Patativa, especialmente pela sintaxe,

configura uma variante social.


38


Após apresentar à turma diferentes textos

literários (poemas, crônicas, contos), o professor

propõe que sejam levantados os critérios que levam

esses textos a ultrapassarem a sua função

comunicativa e se tornarem uma obra de arte. Um

desses critérios pode ser

(A) analisar os recursos expressivos responsáveis

pelas articulação criativa das ideias veiculadas no

texto.

(B) inferir o sentido denotativo das palavras para

atingir a fruição estética.

(C) privilegiar o significado das palavras em

detrimento da norma gramatical vigente.

(D) recorrer à rima como forma de valoração poética

dos objetos culturais.

(E) selecionar temas que facilitem a compreensão do

texto.


12

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DE LÍNGUA PORTUGUESA

39


Algumas notícias de jornais editados em 1922

mostram a repercussão da Semana de Arte Moderna

na imprensa, especialmente no que representava de

ruptura com a literatura que, até então, se praticara.

Os trechos das publicações selecionadas retratam o

clima de insatisfação que grassou no seio da crítica ao

movimento em foco.


Texto 1


Foi, como se esperava, um notável fracasso a

récita de ontem na pomposa Semana de Arte

Moderna, que melhor e mais acertadamente deveria

chamar-se Semana do Mal – às Artes.


Folha da Noite, 16/2/1922. Disponível em:

www.docstoc.com/docs/.../- semana-da-arte-moderna. Acesso em

20 de dezembro de 2009.


Texto 2


A Semana de Arte Moderna está para acabar. É

pena, porque, com franqueza, se do ponto de vista

artístico aquilo representa o definitivo fracasso da

escola futurista, como divertimento foi insuperável.


Jornal do Commercio, 18/2/1922. Disponível em:

www.literalmeida.blogspot.com/.../ semana-da-arte-moderna-86

anos.html. Acesso em 20 de dezembro de 2009.


Texto 3


As colunas da secção livre deste jornal estão à

disposição de todos aqueles que, atacando a Semana

de Arte Moderna, defendam o nosso patrimônio

artístico.


Disponível em:www.historiadaarte.com.br/semanade22.html. O

Estado de São Paulo, fevereiro de 1922. Acesso em 20 de

dezembro de 2009.


Analisando as notícias acima apresentadas,

conclui-se que a reação, na época, à Semana de Arte

Moderna foi de

(A) adesão ao novo discurso proferido pelos

mentores do movimento artístico.

(B) indiferença à produção artística, por nada

acrescentar ao patrimônio cultural nacional.

(C) regozijo ante as novidades ainda que estranhas

ao cenário cultural vigente no País.

(D) repúdio ao movimento por entendê-lo um

retrocesso artístico no cenário brasileiro.

(E) surpresa ante a mudança de rumos depreendida

do acervo de obras apresentadas.


40


Koch define os conceitos de intertextualidade

plena e restrita. Para essa autora, a intertextualidade

no sentido restrito é a relação de um texto com outros

textos previamente existentes, isto é, efetivamente

produzidos.

Para explorar esses conceitos, o professor

apresenta à turma os textos a seguir.


Texto 1


OS LUSÍADAS

Canto I

As armas e os Barões assinalados

Que da Ocidental praia Lusitana

Por mares nunca de antes navegados

Passaram ainda além da Taprobana,

Em perigos e guerras esforçados

Mais do que prometia a força humana,

E entre gente remota edificaram

Novo Reino, que tanto sublimaram;

E também as memórias gloriosas

Daqueles Reis que foram dilatando

A Fé, o Império, e as terras viciosas

De África e de Ásia andaram devastando,

E aqueles que por obras valerosas

Se vão da lei da Morte libertando,

Cantando espalharei por toda parte,

Se a tanto me ajudar o engenho e arte.


CAMÕES, Luís de.

Os Lusíadas. Rio de Janeiro: Companhia Aguilar


Editora, 1993. Fragmento.


Texto 2


Isto é o que fizeram os primeiros Argonautas de

Portugal nas suas tão bem afortunadas Conquistas do

Novo Mundo, e por isso bem afortunados. Este é o fim

para que Deus entre todas as Nações escolheu a

nossa com o ilustre nome de pura na Fé, e amada

pela piedade: estas são as Gentes estranhas e

remotas, aonde nos prometeu que havíamos de levar

seu Santíssimo Nome: este é o Império seu, que por

nós quis amplificar e em nós estabelecer; e esta é, foi,

e será sempre a maior e melhor glória do valor, do

zelo, da Religião e Cristandade Portuguesa.


VIEIRA, A.

Sermão da Visitação de Nossa Senhora. In: Obras


Completas do Pe. Antônio Vieira: Sermões

, Vol. III, Tomo IX.


Porto/Portugal: Lello Irmãos Editores,1959. Fragmento.


Aplicando o conceito de intertextualidade aos

fragmentos, conclui-se que Camões e Vieira

(A) criticaram severamente os altos custos da

empreitada portuguesa.

(B) enalteceram os feitos portugueses que ampliaram

as fronteiras do mundo conhecido.

(C) expressaram de forma pessimista sua visão sobre

os feitos lusitanos.

(D) lamentaram as vidas que se perderam na

conquista de novas terras de além-mar.

(E) louvaram as conquistas lusitanas em trechos

lavrados no mesmo gênero textual.


13

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DE LÍNGUA PORTUGUESA

41


Segundo Marcuschi, a escrita é usada em

contextos sociais básicos da vida cotidiana, em

paralelo direto com a oralidade.

Historicamente, a figura do Papai Noel, por

exemplo, sempre ocupou amplo espaço no imaginário

infantil. Assim sendo, os diferentes grupos sociais

cultuam o bom velhinho, criando situações de

interação, tal como se lê no texto a seguir.


E aí, Papai Noel, belê?

A parada é a seguinte: eu tô muito a fim, tô a

finzaço mesmo de ter um Mini System Titanium da

Gradiente no meu quarto, aquele que reproduz MP3

com 5000 watts de potência, tá ligado? Sabe como é:

eu queimo uns CDS MP3, convido a mina para ouvir

um som da hora, a gente troca umas ideias e aí, meu

velho, você tá ligado, né? E então? Quebra essa pra

mim, mano.


Revista

Época, 16/12/2002. Fragmento.


Da estrutura linguística do bilhete acima

reproduzido, depreende-se que uma das

características da linguagem em que foi escrito o texto

é ser

(A) informal, bastante próxima da oralidade, como se

exemplifica em

belê, tô a finzaço, você tá ligado,


né?


(B) popular, distante da oralidade, como se lê em


Mini System Titanium, MP3 com 5000 watts de

potência.


(C) retórica, distante da linguagem afetiva, como se

lê em

Quebra essa pra mim, mano.


(D) semiformal, presente na repetição de expressões,

tais como

convida a mina para ouvir um som da


hora, Quebra essa pra mim.


(E) técnica, banalizada pela menção a termos

específicos da eletrônica, como em

som da hora,


parada, ligado.


42


Leia o texto a seguir.


Deve-se escrever da mesma maneira como as

lavadeiras lá de Alagoas fazem seu ofício. Elas

começam com uma primeira lavada, molham a roupa

suja na beira da lagoa ou riacho, torcem o pano,

molham-no novamente, voltam a torcer. Colocam o

anil, ensaboam e torcem uma, duas vezes. Depois

enxáguam, dão mais uma molhada, agora jogando a

água com a mão. Batem o pano na laje ou na pedra

limpa, e dão mais uma torcida e mais outra, torcem até

pingar do pano uma só gota. Somente depois de feito

tudo isso é que elas dependuram a roupa lavada na

corda ou no varal, para secar.

Pois quem se mete a escrever devia fazer a

mesma coisa. A palavra não foi feita para enfeitar,

brilhar como ouro falso; a palavra foi feita para dizer.


RAMOS, Graciliano. Entrevista atribuída a Graciliano Ramos. Casa

de Graciliano Ramos, Palmeira dos Índios, 1948.


Nesse trecho da entrevista, Graciliano Ramos

compara o ofício da escrita com o ofício das lavadeiras

de Alagoas. Essa comparação serve para dizer que

escrever é

(A) agir com distração e bom humor.

(B) articular palavras desligadas da política do

idioma.

(C) empregar as palavras de modo fácil e simples.

(D) selecionar palavras para expressar ideias novas.

(E) trabalhar a palavra até obter o resultado

desejado.


43


Leia o texto que segue.

Dois e dois: quatro

Como dois e dois são quatro

sei que a vida vale a pena

embora o pão seja caro

e a liberdade pequena

Como teus olhos são claros

e a tua pele, morena

como é azul o oceano

e a lagoa, serena

como um tempo de alegria

por trás do terror me acena

e a noite carrega o dia

no seu colo de açucena

sei que dois e dois são quatro

sei que a vida vale a pena

mesmo que o pão seja caro

e a liberdade, pequena.


GULLAR, Ferreira.

Dentro da noite veloz (1962-1975). In: Toda


poesia

. Rio de Janeiro: José Olympio, 2006.


Segundo teóricos da literatura, o que singulariza a

linguagem literária é o estranhamento produzido pela

utilização de combinações linguísticas inusitadas e

inesperadas, em relação à linguagem do dia a dia.

No poema de Ferreira Gullar, o estranhamento é

provocado pela

(A) comparação entre a amada e elementos da

natureza para reforçar a concepção de que a vida

é inútil para o poeta.

(B) estruturação em estrofes de diferentes tamanhos

compostas por versos de várias extensões, com

rima interna.

(C) inserção da conjunção concessiva

embora para


descrever o que não vale a pena na vida,

segundo a avaliação do sujeito poético.

(D) reiteração da expressão aritmética

como dois e


dois são quatro

para expressar a dúvida do


sujeito poético sobre a vida.

(E) utilização de comparações metafóricas para

reforçar a convicção do sujeito poético de que a

vida vale a pena.


14

PROFESSOR EDUCAÇÃO BÁSICA II E PROFESSOR II

DE LÍNGUA PORTUGUESA

44


Leia os dois fragmentos a seguir.


Olhando então com mais cuidado para a praia, vi

umas criaturas semelhantes a macacos, que andavam

muito eretas e apontavam para nós. Porém, conforme

a luz do dia a tudo ia clareando, pude ver que não

eram animais e sim oito ou nove homens pintados de

carmim e preto, e armados de arcos e flechas.

E aconteceu que hoje vieram algumas mulheres, todas

com cabelos muito pretos e compridos, pintadas com

aquela tintura e nuas como Eva, mas disso não faziam

conta. Quando as vimos, acendeu-se em nós o natural

lume da luxúria e por mais que quiséssemos parecer

sisudos, não podíamos deixar de muito olhar para as

suas ancas e também para os seus peitos. Eram

limpas e tinham suas partes altas e bem cerradinhas.

Os rostos não eram bons, mas ainda assim havia

gosto em olhar para elas.


TORERO, J. R. & PIMENTA, M. A.

Terra papagalli. Rio de Janeiro:


Objetiva, 2000. Fragmento.


A feição deles é serem pardos, maneira de

avermelhados, de bons rostos e bons narizes. Bem

feitos. Andam nus, sem cobertura alguma. Não fazem

o menor caso de encobrir ou de mostrar suas

vergonhas; e nisso têm tanta inocência como em

mostrar o rosto. [...] Ali andavam entre eles três ou

quatro moças, bem moças e bem gentis, com cabelos

muito pretos e compridos pelas espáduas, e suas

vergonhas tão altas, tão cerradinhas e tão limpas das

cabeleiras que, de as muito bem olharmos, não

tínhamos nenhuma vergonha.


CAMINHA, P. V.

Carta a el-rei Dom Manuel sobre o achamento do


Brasil.

1 de maio de 1500. Lisboa: Imprensa Nacional – Casa da


Moeda, 1974. Fragmento.


Considerando os conceitos de intertextualidade

ampla e restrita expressa por Koch, depreende-se

que, entre os dois fragmentos selecionados, a

intertextualidade manifesta-se em função

(A) da mesma abrangência do tema tratado.

(B) da representação de diferentes fatos históricos.

(C) de diferentes modos de organização do discurso.

(D) dos diferentes campos semânticos selecionados.

(E) dos diferentes graus de formalidade da linguagem.


45


Leia o texto abaixo, adaptado da Proposta

Curricular de São Paulo.

Este é o momento de incentivar o aluno a refletir

sobre a variedade de gêneros com os quais ele entra

em contato na escola, tanto na prática oral quanto na

escrita. Não será difícil para o aluno compreender a

circulação escolar de artigos de revista e jornal, tiras

em quadrinhos, letras de música, textos didáticos.

Talvez seja mais difícil para o aluno compreender os

gêneros orais: aula expositiva, discussão de temas em

grupos e em classe, argumentação de pontos de vista.

Da reflexão sobre o texto apresentado, pode-se

depreender uma proposta pedagógica que envolva a

(A) análise de artigos de jornais e revistas e de textos

didáticos como um exercício necessário para a

compreensão de textos orais.

(B) elaboração de resumo escrito de um conto ou de

um romance como uma etapa preparatória para a

produção de resumo oral.

(C) prática de transcrição de textos orais populares

como forma de suprimir as redundâncias em

textos escritos.

(D) realização de uma atividade de júri simulado para

desenvolver a capacidade argumentativa dos

alunos.

(E) reescritura de um texto como estratégia para

perceber a relevância dos estudos de prosódia.


46


A intertextualidade, segundo Ingedore V. Koch, é

necessariamente atestada pela presença de um

intertexto. A intertextualidade pode ser explícita ou

implícita: é explícita quando há citação da fonte do

intertexto e implícita quando ocorre sem citação

expressa da fonte, cabendo ao interlocutor recuperá-la

na memória para reconstruir o sentido do texto.

Leia os textos a seguir e responda ao que se

pede.


Texto 1


Como dois e dois

Quando você

Me ouvir cantar

Venha não creia eu não corro perigo

Digo não digo não ligo, deixo no ar

Eu sigo apenas porque eu gosto de cantar.

Tudo vai mal, tudo

Tudo é igual quando eu canto e sou mudo

Mas eu não minto não minto

Estou longe e perto

Sinto alegrias tristezas e brinco.

Tudo vai mal, tudo

Tudo mudou não me iludo e contudo

A mesma porta sem trinco, o mesmo teto

E a mesma lua a furar nosso zinco.


VELOSO, Caetano.

Dois, Dabliú, ano 2001. Disponível em:


www.mpbnet.com.br/musicos/cassio.gava/letras/como_dois_e_dois.

htm. Acesso em 03 de janeiro de 2010. Fragmento.


Texto 2


Chão de estrelas

A porta do barraco era sem trinco

Mas a lua furando nosso zinco

Salpicava de estrelas nosso chão.

E tu pisavas nos astros distraída

Sem saber que a ventura desta vida

É a cabrocha, o luar e o violão.


CALDAS, Sílvio e BARBOSA, Orestes. Disponível em:

www.mpbnet.com.br/musicos/cassio.gava/letras/htm. Acesso em 03

de janeiro de 2010. Fragmento.


Há nos dois textos uma imagem recorrente que

contribui para reforçar a ideia de

(A) alusão plena.

(B) intertextualidade explícita.

(C) intertextualidade implícita.

(D) paráfrase.

(E) paródia.


15

PROFESSOR EDUCAÇÃO BÁSICA II E PROFESSOR II

DE LÍNGUA PORTUGUESA

47


Para discutir com a turma o conceito de texto

literário e de outros tipos de discurso, o não

literário, por exemplo, o professor informa que,

independentemente da natureza dos textos,

qualquer tema pode ser submetido a uma análise

crítica. Em seguida, apresenta os dois textos que

seguem e trabalha cada um deles, proporcionando

aos alunos a percepção das características de um

e de outro.


Texto 1


ESTRELA s.f. Astro dotado de luz própria,

observável sob a forma de um ponto luminoso. As

estrelas, como o Sol (que é ele próprio uma

estrela), fazem parte do sistema estelar chamado


galáxia

. O aspecto da galáxia, composta de


milhões de estrelas, corresponde à Via-Láctea. As

estrelas são classificadas por brilhos aparentes

decrescentes, segundo uma escala dita

das


magnitudes

.


HOUAISS, Antonio & KOOGAN, Abrahão.

Enciclopédia e dicionário


ilustrado.

4.ed. Rio de Janeiro: Seifer, 1999.


Texto 2


A estrela

Vi uma estrela tão alta,

Vi uma estrela tão fria!

Vi uma estrela luzindo

Na minha vida vazia.

Era uma estrela tão alta!

Era uma estrela tão fria!

Era uma estrela sozinha

Luzindo no fim do dia.

Por que de sua distância

Para a minha companhia

Não baixava aquela estrela?

Por que tão alta luzia?

E ouvi-a na sombra funda

Responder que assim fazia

Para dar uma esperança

Mais triste ao fim do meu dia.


BANDEIRA. Manuel.

Meus poemas preferidos. Rio de Janeiro:


Ediouro, 2005.


Em uma situação didática, propõe-se que os

alunos assinalem, dentre as afirmações feitas, aquela

que CONTRARIA as informações dadas sobre os

conceitos de literariedade e não literariedade.

(A) O texto literário instaura relações mais restritas

que o não literário, visando à transmissão de

informações objetivas sobre o real.

(B) O texto literário tem uma dimensão estética

plusissignificativa.

(C) O texto literário, em que predomina a função

poética da linguagem, é um espaço de reflexão

sobre a realidade.

(D) O texto não literário centra-se na necessidade de

transmitir uma informação objetiva.

(E) O texto não literário faz uso de palavras de

sentido denotativo e, nele, predomina a função

referencial da linguagem.


48


A materialização de uma intenção do autor se dá

através de elementos tanto linguísticos como gráficos,

cabendo ao leitor a recuperação dessa intenção.

Nesse processo, o leitor se apoia tanto em elementos

extralinguísticos, como em elementos linguísticos.


KLEIMAN, A.

Texto e leitor - Aspectos cognitivos da leitura. 9.


ed. Campinas, S. P.: Pontes, 2004.


Considere a imagem e o poema a seguir.


ESCHER, M. C. Relatividade. IN: ERNST, B. O espelho mágico de

M. C. Escher. Hohenzollernring: Taschen, 1978.


Canção excêntrica

Ando à procura de espaço

para o desenho da vida.

Em números me embaraço

e perco sempre a medida.

Se penso encontrar a saída,

em vez de abrir um compasso,

projeto-me num abraço

e gero uma despedida.

Se volto sobre meu passo,

é já distância perdida.


MEIRELES, Cecília. Pois é, poesia. Coleção Antologia de Poesia

para Jovens. São Paulo: Global. Fragmento.


A gravura de Escher e o poema de Cecília Meireles

retratam espaços fantásticos, frutos da imaginação

dos dois artistas. Nos dois casos, é correto afirmar

que eles

(A) apresentam recursos que revelam uma

concepção tradicional da obra de arte, seguindo

os cânones restritos muito em voga no final do

século XIX e que continuaram no século XX.

(B) pertencem a movimentos artísticos que

valorizavam aspectos coletivos na concepção

da obra de arte, sugerindo que o artista nada

tem a ver com a realidade que o cerca.

(C) procuram oferecer ao espectador uma visão

positiva da realidade, transmitindo-lhe uma

sensação de ganho, em desacordo com o

momento histórico vivenciado pelos artistas.

(D) revelam posição idêntica no que se refere ao ato

de criar, permitindo deduzir que suas obras se

identificam com teorias matemáticas e físicas.

(E) são expressões artísticas que fazem refletir

sobre o espaço interior, permitindo construções

inimagináveis desse mesmo espaço.


1
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DE LÍNGUA PORTUGUESA

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Observe as imagens a seguir.


Imagem 1: Michelangelo Buonarotti.

O toque da vida.


Imagem 2: Jornal

Rio Destak, 29 de outubro de 2009.


Em aula de Língua Portuguesa para uma turma do

Ensino Médio, o professor apresenta as imagens

1 e 2 com o objetivo de encaminhar a reflexão sobre o

sentido de cada uma e a relação que se estabelece

entre elas, no que diz respeito ao conceito de

intertextualidade ampla apresentado por Koch. Com

base nessa noção, os alunos deverão reconhecer que

a intertextualidade existente entre as imagens deve-se

(A) à diferença do tamanho das mãos reproduzidas

nas duas imagens.

(B) à identidade do momento histórico em que as

imagens foram produzidas.

(C) ao fato de a imagem 1 contrariar a imagem 2.

(D) ao fato de a imagem 2 parodiar a imagem 1.

(E) aos elementos constituintes do cenário em que as

mãos se aproximam.


50


Leia o texto que segue.

Aos poetas clássicos

Se um dotô me perguntá

Se o verso sem rima presta,

Calado eu não vou ficá,

A minha resposta é esta:

— Sem a rima, a poesia

Perde arguma simpatia

E uma parte do primô;

Não merece munta parma,

É como o corpo sem arma

E o coração sem amô.”


Patativa do Assaré.

Cante lá que eu canto cá. Petrópolis: Vozes,


1978. Fragmento.


Ao afirmar que a poesia sem rima

É como o corpo


sem arma / E o coração sem amô

., o sujeito poético


(A) contrapõe-se à primeira fase do ideário

modernista, que valorizava o emprego de versos

brancos.

(B) diverge dos poetas parnasianos, que

consideravam a rima um elemento essencial ao

fazer poético.

(C) opõe-se às estruturas rímicas desenvolvidas

pelos árcades, que valorizavam, por formas fixas,

as questões regionais.

(D) desvaloriza a erudição clássica como fator

necessário à construção poética.

(E) reitera a importância do saber científico para a

atividade de criação de textos poéticos.


51


Jornal

Valor Econômico, 17 de novembro de 2009.


A linguagem verbal e a não verbal associam-se

para transmitir as mensagens dos textos publicitários.

No caso presente, pode-se depreender das imagens

não verbais que, na HORA DE NEGOCIAR, vale a

afirmação de que o

(A) emprego de mão de obra e de máquina não

interfere no custo do produto final.

(B) preço do produto final para o consumidor

independe da mão de obra empregada na sua

fabricação.

(C) produto final é tão mais barato quanto menos

máquinas forem usadas na sua fabricação.

(D) produto que exige mais mão de obra na sua

fabricação é o mais caro para o consumidor.

(E) valor final do produto é definido pelo tempo gasto

na sua fabricação.


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Leia os textos a seguir.


Texto 1


PAIVA, Miguel. Jornal

O Globo. Globinho, 22 de março de 2008.


Texto 2


Somos criaturas nutridas de liberdade há muito

tempo, com disposições de cantá-la, amá-la, combater

e certamente morrer por ela. Ser livre é não ser

escravo; é agir segundo a nossa cabeça e o nosso

coração, mesmo tendo de partir esse coração e essa

cabeça para encontrar um caminho... Enfim, ser livre é

ser responsável, é repudiar a condição de autômato e

de teleguiado, é proclamar o triunfo luminoso do

espírito. (Suponho que seja isso.) Ser livre é ir mais

além: é buscar outro espaço, outras dimensões, é

ampliar a órbita da vida. É não estar acorrentado. É

não viver obrigatoriamente entre quatro paredes.

Por isso, os meninos atiram pedras e soltam

papagaios. A pedra inocentemente vai até onde o

sonho das crianças deseja ir (Às vezes, é certo,

quebra alguma coisa, no seu percurso...). Os

papagaios vão pelos ares até onde os meninos de

outrora (muito de outrora!...) não acreditavam que se

pudesse chegar tão simplesmente com um fio de linha

e um pouco de vento!


MEIRELES, Cecília.

Escolha seu sonho. Rio de Janeiro: Record,


2002. Fragmento.


Considerando que as tiras e charges adentraram

à escola como estratégias para discutir situações do

cotidiano, o professor propõe à turma que o tema

comum aos textos selecionados seja objeto de

discussão e análise cujo teor será a oposição entre o

real e o imaginado. Dessa reflexão, os alunos devem

ser orientados para depreender que a crônica de

Cecília Meireles

(A) conduz o leitor a concluir que as pessoas devem

colaborar com os seus semelhantes, pois só junto

deles poderão alcançar seus ideais comuns.

(B) demonstra que só a meditação pode levar as

pessoas a entenderem o significado da luta pela

liberdade , pela igualdade e pela fraternidade.

(C) propõe uma reflexão sobre o sentimento de

liberdade, os perigos que o homem enfrenta e as

atitudes que adota para alcançá-la.

(D) refere-se às crianças de outrora necessitadas da

proteção dos adultos para conseguirem cumprir

suas tarefas, sem incomodar os adultos.

(E) revela o estado de espírito dos personagens que

se sentem como pássaros engaiolados, sem

poder participar das brincadeiras infantis.


53


Leia os textos que seguem.


Texto 1


Canção do Exílio

Minha terra tem palmeiras,

Onde canta o sabiá;

As aves que aqui gorjeiam,

Não gorjeiam como lá.

Nosso céu tem mais estrelas,

Nossas várzeas têm mais flores,

Nossos bosques têm mais vida,

Nossa vida mais amores.

Não permita Deus que eu morra,

Sem que eu volte para lá;

Sem que desfrute os primores,

Que não encontro por cá;

Sem qu’inda aviste as palmeiras,

Onde canta o Sabiá.


Gonçalves Dias.

Poemas. São Paulo, Publifolha, 1997. Fragmento.


Texto 2


Eu vim da Bahia

Eu vim

Eu vim da Bahia cantar

Eu vim da Bahia contar

Tanta coisa bonita que tem

Na Bahia, que é meu lugar.

Tem meu chão, tem meu céu, tem meu mar

A Bahia que vive pra dizer pra dizer

Como é que se faz pra viver

Onde a gente não tem pra comer

Mas de fome não morre

Porque na Bahia tem mãe Iemanjá

Do outro lado o Senhor do Bonfim

Que ajuda o baiano a viver

Pra cantar, pra sambar pra valer

Pra morrer de alegria

Na festa de rua, no samba de roda

Na noite de lua, no canto do mar

Eu vim da Bahia

Mas eu volto pra lá

Eu vim da Bahia

Mas algum dia eu volto pra lá.


GIL, Gilberto. Disponível em: www.gilbertogil.com.br. Acesso em 03

de janeiro de 2010. Editora Musical BMG Arabella LTDA.


Os textos de Gonçalves Dias e Gilberto Gil

(A) cantam as riquezas minerais da terra de origem.

(B) expressam o mesmo sentimento ufanista.

(C) criticam as diferenças sociais da terra brasileira.

(D) descrevem as tristezas do exílio.

(E) elogiam a terra onde se encontram.


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54


Um dos objetivos do processo ensinoaprendizagem

de Língua Portuguesa na Proposta

Curricular do Estado de São Paulo é

despertar a


sensibilidade dos alunos para a crítica social presente

na arte

.


LANDEIRA, J. L. M. L.

Caderno do professor. Língua portuguesa:


EM 2ª série 1º bimestre. São Paulo: SEE, 2008

.


Para atingir esse objetivo, pode-se propor a

análise e a comparação de textos artísticos que exijam

do aluno a utilização de conhecimentos prévios como

condição para compreender as obras e relacioná-las

ao contexto social. Essa concepção apoia-se no

pressuposto teórico de que, para construir um sentido

para o texto, o leitor deve

(A) associar a biografia e a bibliografia do autor em

estudo.

(B) considerar os conhecimentos linguísticos, textuais

e de mundo como base para a interpretação

global de textos.

(C) decodificar os conteúdos, com base na

concepção de que o texto pode ser analisado

independentemente de seu contexto de produção.

(D) memorizar o conjunto de regras gramaticais

relacionadas aos aspectos morfossintáticos de

estruturação da língua.

(E) privilegiar obras referentes a um mesmo tema

social e político.


55


A proposta de apoiar o ensino de Língua

Portuguesa na concepção de gêneros textuais, contida

nos Parâmetros Curriculares Nacionais e na Proposta

Curricular do Estado de São Paulo, baseia-se no

pressuposto teórico de que as diferentes situações de

interação social determinam a escolha de modelos

discursivos para atender às intenções comunicativas

dos interlocutores. Com base nessa concepção,

conclui-se que

(A) artigo de divulgação científica é um texto de base

argumentativa que tem como objetivo convencer

o leitor a adquirir um produto.

(B) editorial é um texto de base argumentativa que

tem como objetivo defender a opinião do veículo

de comunicação a respeito de um assunto

polêmico.

(C) notícia é um texto de base descritiva que tem

como objetivo provocar uma crítica humorística

em relação ao conteúdo veiculado.

(D) propaganda é um texto de base narrativa que tem

como objetivo contar uma história que envolve

personagens e segue um enredo.

(E) reportagem é um texto de base injuntiva que tem

como objetivo divulgar uma informação atual, de

interesse de todos os leitores de um jornal.


56


Uma das estratégias para trabalhar a leitura do

texto literário é a comparação entre diferentes

abordagens de um mesmo tema, retomando o

conceito de intertextualidade temática. O professor

solicita que os alunos leiam os poemas que seguem.


Texto 1


Cidadezinha qualquer

Casas entre bananeiras

mulheres entre laranjeiras

pomar amor cantar.

Um homem vai devagar.

Um cachorro vai devagar.

Um burro vai devagar.

Devagar... as janelas olham.

Eta vida besta, meu Deus.


ANDRADE, Carlos Drummond de.

Obra completa. Rio de Janeiro:


Aguilar, 1967.


Texto 2


Cidadezinha cheia de graça...

Tão pequenina que até causa dó!

Com seus burricos a pastar na praça...

Sua igrejinha de uma torre só...

Nuvens que venham, nuvens e asas,

Não param nunca nem um segundo...

E fica a torre, sobre as velhas casas,

Fica cismando como é vasto o mundo!...

Eu que de longe venho perdido,

Sem pouso fixo (a triste sina!)

Ah, quem me dera ter lá nascido!

Lá toda a vida poder morar!

Cidadezinha... Tão pequenina

Que toda cabe num só olhar...


QUINTANA, Mário.

A rua dos cataventos. São Paulo: Globo, 2005.


A seguir, o professor trabalha a intertextualidade

temática, ressaltando que, apesar dela, cada autor

tem uma forma diferente e particular de desenvolver

sua criação. A discussão do ponto de vista de cada

autor deve resultar na depreensão de que o primeiro

poema

(A) demonstra indiferença ante os elementos da

cidade, enquanto o segundo revela a sua

inquietação frente a ela.

(B) expressa um sentimento de tédio na descrição da

cidade, enquanto o segundo descreve o espaço

com ternura.

(C) fala da cidade natal com distanciamento afetivo,

enquanto o segundo refere-se a ela com

indiferença.

(D) retrata uma cidade pacata porém agradável,

enquanto o segundo descreve o lugar com

detalhes superficiais.

(E) revela ternura ao descrever a cidadezinha,

enquanto o segundo demonstra contrariedade

ante essa lembrança.


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DE LÍNGUA PORTUGUESA

57


Como estratégia de ensino, o professor solicita à

turma que leia os textos a seguir, a fim de explorar

diferentes gêneros textuais e estimular a discussão de

recursos linguísticos presentes em cada um deles.


Texto 1

Texto 2


No meio do caminho

No meio do caminho tinha uma pedra

tinha uma pedra no meio do caminho

tinha uma pedra

no meio do caminho tinha uma pedra.

Nunca me esquecerei desse acontecimento

na vida de minhas retinas tão fatigadas.

Nunca me esquecerei que no meio do caminho

tinha uma pedra.

Tinha uma pedra no meio do caminho

no meio do caminho tinha uma pedra.


ANDRADE, Carlos Drummond de.

Reunião. 10ª ed. Rio de Janeiro:


José Olympio,1980.


Tomando por base o conceito de polissemia, o

professor, em uma atividade na sala de aula, orienta

uma discussão sobre os sentidos que pode assumir a

palavra

pedra presente nos dois textos, promovendo a


manifestação oral dos alunos sobre o tema comum

aos dois textos, a fim de reconhecerem que se deve

(A) aplicar a uma palavra um significado unívoco

variável de acordo com a intenção do autor.

(B) atribuir a uma palavra o sentido mais frequente

entre os falantes da comunidade linguística.

(C) conferir à palavra mais de um sentido de acordo

com o contexto em que ela for empregada.

(D) empregar a palavra de modo que porte o sentido

o mais restrito possível.

(E) reconhecer nas palavras o sentido denotativo

legitimado pelo senso comum.


58


Em discussão em sala de aula, o professor

propõe que os alunos se manifestem sobre as

questões que envolvem a problemática educacional

brasileira. Para tanto, apresenta os seguintes textos:


Texto 1


A educação é ruim no Brasil basicamente porque

não há competição entre os agentes do sistema, isto

é, entre escolas (por maiores dotações

orçamentárias), entre alunos (por bolsas de estudo),

entre professores (por adicionais de produtividade e

reconhecimento público). A falta de concorrência,

essencial à qualidade de qualquer área, dá-se na

educação pela ausência total de uma política e de

uma cultura meritocráticas. Abrir o acesso a alunos

pobres em função de seus desempenhos escolares na

escola pública, para vagas em colégios particulares, é

uma forma de melhorar o sistema.


Alan M. Teixeira,

via globo on-line, RJ.


Texto 2


Muito louvável a proposta do governo em

melhorar a educação no país. Entretanto,

simplesmente aumentar o montante de recursos para

estados e municípios é insuficiente. Acabamos de ver

os pífios resultados do Fundep. Entregar as verbas

para quem não é realmente comprometido com a

educação é aumentar o problema. Nós, professores,

realmente recebemos salários vergonhosos, mas

querer mudar isso deixando nas mãos de prefeitos e

governadores não resolve. Eles usam as verbas para

qualquer coisa, menos para a valorização do

profissional. A maior parte do trabalho do professor é

feita fora da escola, e ele não é remunerado por isso.


W. Alves,

por e-mail, Niterói. RJ.


Com base na leitura desses textos, o professor

espera que os alunos, após uma discussão dos

diferentes pontos de vista apresentados, identifiquem

que a diferença entre os textos baseia-se no fato de o

primeiro

(A) atribuir os problemas educacionais à baixa

remuneração docente, e o segundo denunciar a

ausência de uma política educacional.

(B) considerar muito boa a proposta do governo em

melhorar o ensino, e o segundo reconhecer as

vantagens de uma educação meritocrática.

(C) defender a competição entre os agentes do

sistema, e o segundo reputar os maus resultados

à falta de valorização do professor.

(D) propor o aumento da concessão de vagas em

colégios particulares, e o segundo defender

melhor distribuição das verbas para a educação.

(E) valorizar o acesso de alunos pobres a escolas

particulares em função do seu desempenho

escolar, e o segundo considerar insuficiente o

salário dos professores.


20

PROFESSOR EDUCAÇÃO BÁSICA II E PROFESSOR II

DE LÍNGUA PORTUGUESA

59


O aprendizado de produção textual favorece a exposição de diferentes experiências dos alunos, tanto as pessoais

quanto as coletivas. Essa prática permite a abertura da sala de aula para o mundo, além de propiciar a discussão de

conteúdos linguísticos. No caso, a charge a ser apresentada abre espaço para a reflexão sobre a polissemia da

palavra

chuva.


Chuvas capixabas

CHUVA DE

ASSASSINATOS...

CHUVA DE

ASSALTOS... CHUVA, CHUVA...


Disponível em: http://blog.busca.uol.com. Acesso em 20 de dezembro de 2009.


Assim, em uma aula de produção de texto, para motivar a elaboração de uma dissertação argumentativa, por

exemplo, o professor poderá iniciar os trabalhos com a discussão dos sentidos que a palavra

chuva assumiu nos três


quadros. A seguir, propõe uma análise do texto apresentado com a finalidade de

(A) criticar o lado negativo da realidade brasileira atual.

(B) despertar o aluno para a discussão de temas humorísticos.

(C) estimular o interesse do alunado para a leitura de charges.

(D) refletir sobre as calamidades causadas pelo aquecimento global.

(E) valorizar a charge como estratégia primordial de interpretação textual.


60


Leia o texto que segue.


O encontro entre a bola e a literatura


Nesses dias em que o futebol dá uma parada no campo, vá ao seu encontro nos livros.

Comece pelo de Washington Olivetto,

Corinthians X Outros, sobre o qual tão bem já escreveu Daniel Piza. Mas


há um outro trabalho que me agradou muito, do jornalista José Geraldo Couto, chamado

Futebol brasileiro hoje.


Curto, direto, mas não simples, o livro examina o futebol da atualidade numa linguagem despojada e leve, quase uma

reportagem, entendendo-se por isso não uma crítica, mas, ao contrário, um elogio. Esse livro de agradabilíssima

leitura, enxuto e magro como um atleta, que vai do passado ao presente, cruzando referências e informações do toda

ordem, mostra que bastam menos de cem páginas para mostrar claramente o que foi, o que se tornou e o que espera

o futebol, mergulhado profundamente num mundo que se transforma sem cessar.


GIORGETTI, Ugo. Jornal

O Estado de S. Paulo. Caderno de Esportes, 20/12/2009. Fragmento.


Este é um texto motivador para estimular entre os alunos uma discussão sobre a atividade de leitura. É o

momento em que os alunos se manifestam livremente, cabendo ao professor escutá-los e selecionar algumas ideias

a serem desenvolvidas.

Uma das discussões possíveis com a turma, a partir da análise do texto de Giorgetti, seria sobre

(A) a diversidade de temas para a prática da leitura.

(B) a escolha de obras indicadas para os exames de seleção.

(C) a imposição da leitura de

best-sellers para atualizar conhecimentos.


(D) a preferência por obras de escritores famosos.

(E) a tradição em trabalhar textos clássicos e eruditos.


2
1

PROFESSOR EDUCAÇÃO BÁSICA II E PROFESSOR II

DE LÍNGUA PORTUGUESA

Questão dissertativa


(valor: 10,0 pontos)


Um dos principais problemas da escola é a relação professor-aluno. Como o professor pode cuidar dos

problemas de indisciplina, falta de respeito e motivação dos alunos com a mesma atenção que se dedica ao

ensino dos conteúdos escolares?


Leia os textos a seguir antes de produzir sua redação.


TEXTO I


Muitos meninos e meninas, que não encontram nas atividades e tarefas escolares sentido prático e que

tampouco dispõem da paciência e necessário controle de seu próprio projeto vital para esperar uma demorada

recompensa, entram num processo de rejeição das tarefas, de tédio diante das iniciativas dos professores ou de claro

afastamento. Trata-se de um tipo de atitude de rejeição aos valores escolares, que não tem sempre as mesmas

causas, mas que é visto pelos professores como desânimo e falta de aceitação de suas propostas.

Diante dos alunos, parece causa suficiente de expressão de desânimo e confusão, o que dá lugar a

fenômenos de afastamento, rebeldia injustificada, falta de atenção e de respeito, quando não de clima de conflito

difuso e permanente rejeição ao estilo das relações que se estabelece.

Muitos dos conflitos interpessoais dos docentes com seus estudantes têm uma origem no mal-entendido

sobre expectativas de rendimento acadêmico, formas de apresentação das atividades, avaliações mal interpretadas,

quando não diretamente no desprezo de uns para com os outros, considerados seus respectivos papéis no processo

de ensino. (...)

É difícil não estar de acordo com os docentes, quando se queixam da falta de motivação e de interesse de

um conjunto, às vezes muito numeroso, de meninos e meninas, que adotam uma atitude passiva e pouco interessada

diante do trabalho escolar. De fato, este é um dos problemas mais frequentes com os quais os profissionais têm que

lidar. Contudo, é paradoxal a escassa consciência que, frequentemente, ocorre sobre a relação entre a falta de

motivação estudantil e os sistemas de atividade acadêmica.

É como se fosse difícil reconhecer, por um lado, que a aprendizagem é uma atividade muito dura, que exige

níveis de concentração altos e condições psicológicas idôneas e, por outro, que o ensino, igualmente, é uma tarefa

complicada, que precisa ser planejada de forma amena, interessante, variada e atrativa.

Não se trata, pois, de responsabilizar um ou outro polo do sistema relacional professores/alunos/currículo,

mas de compreender que estamos diante de um processo muito complexo, cujas variáveis não só precisam ser

conhecidas, porém, manipuladas de forma inteligente e criativa. É fácil culpar o estudante que não estuda, tão fácil

como culpar de incompetente o profissional do ensino; o difícil, mas necessário, é não culpar ninguém e começar a

trabalhar para eliminar a falta de motivação e os conflitos que esta traz consigo.


Fonte: ORTEGA, Rosário e REY, Rosario Del. Estratégias educativas para a prevenção da violência: mediação e diálogo.

Tradução de Joaquim Ozório. Brasília: UNESCO, UCB, 2002. p. 28-31.


TEXTO 2


Cuidar dos problemas de indisciplina e falta de respeito com a mesma atenção que se dedica ao ensino dos

conteúdos escolares é, pois, fundamental na escola de hoje, já que, felizmente, não se pode mais contar com os

recursos da escola de “ontem”. Naquela escola, havia também estes problemas, mas se recorria a práticas (expulsão,

castigos físicos, isolamento), às quais não se deve ou se pode apelar. Além disto, tratava-se de uma escola para

“poucos”, para os escolhidos do sistema por suas qualidades diferenciadas (inteligência, poder econômico ou político,

escolha religiosa ou condição de gênero).

Na escola atual, obrigatória e pública para todas as crianças e jovens, tais problemas são muito mais

numerosos e requerem habilidades de gestão, não apenas para os professores em sala de aula, mas para todos

aqueles responsáveis por esta instituição.

Importar-se com estes temas, dar-lhes uma atenção correspondente à que se dedica aos conteúdos das

disciplinas científicas, é, pois, crucial. Observa-se frequentemente que professores, competentes em suas matérias,

se descontrolam emocionalmente em sala de aula, porque não sabem como lidar com certos comportamentos

antissociais de seus alunos. São bons em sua disciplina, mas não toleram a indisciplina dos alunos. Não relacionam

que disciplina organizada como matéria ou corpo de conhecimentos (Língua Portuguesa, Matemática, Biologia)


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PROFESSOR EDUCAÇÃO BÁSICA II E PROFESSOR II

DE LÍNGUA PORTUGUESA


equivale à disciplina assumida, enquanto qualidade de conduta ou procedimento que favorece à compreensão

daquelas noções ou conteúdos.

Suportam as dúvidas ou dificuldades de seus alunos no âmbito de sua disciplina, mas não toleram suas

dificuldades em se comportar de modo adequado em sala de aula ou no espaço escolar. (...)

Trata-se, pois, de considerar indisciplina, desrespeito e violência como expressões de conflitos, erros,

inadequações, perturbações emocionais, dependências orgânicas ou sociais, defasagens, ignorâncias e

incompreensões, enfim, dificuldades de diversas ordens a serem observadas e, se possível, superadas ou

compreendidas na complexidade dos muitos fatores que as constituem e que, igualmente, podem contribuir para a

sua superação. Como em qualquer disciplina, as qualidades que negam tais problemas, ou seja, o cuidado (pessoal e

coletivo), o respeito (por si mesmo e pelos outros), a cooperação (como princípio e método) podem e necessitam ser

desenvolvidas como competências e habilidades relacionais. A escola, hoje, é um dos lugares que reúne pessoas

(adultos, crianças e jovens) que sofrem ou praticam tais inadequações. Se ela tratar tais questões como problema

curricular e problema de gestão de conflitos, então, quem sabe, os conteúdos a serem aprendidos e a forma (afetiva,

cognitiva e ética) de apreendê-los serão partes complementares e indissociáveis de um mesmo todo, que justifica o

que se espera da educação básica e o que se investe nela, hoje.


MACEDO, Lino. Saber se relacionar é também questão de disciplina, competência e habilidade. In: SECRETARIA DA EDUCAÇÃO DO ESTADO

DE SÃO PAULO. Cadernos do Gestor. São Paulo: SEE, 2010. (no prelo)


Observações

:


É imprescindível que o seu texto:

- seja redigido na modalidade culta da língua portuguesa, conforme requer a situação interlocutiva;

- tenha um título pertinente ao tema e à tese defendida;

- apresente coerência, coesão e progressão;

- tenha extensão mínima de 20 linhas e máxima de 30;

- seja escrito com caneta azul ou preta.


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PROFESSOR EDUCAÇÃO BÁSICA II E PROFESSOR II

DE LÍNGUA PORTUGUESA



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